escreva com sua palavras o texto sobre as brigas entre torcidas organizadas no futebol 20 linhas
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O presente artigo tem a pretensão de explicitar que as práticas de violência produzidas pelas torcidas organizadas inflexionam-se e (re)dimensionam-se na base dos "jogos de relações" travados no cotidiano da sociedade brasileira contemporânea.
A reflexão proposta segue caráter essencialmente prospectivo e indagatório, cuja análise temática circunscreve-se em pesquisas empíricas qualitativas/críticas desenvolvidas junto às torcidas "Gaviões da Fiel", "Independente" e "Mancha Verde", sediadas na cidade de São Paulo, e sobre a violência implicada no processo de profissionalização da estrutura administrativa do futebol brasileiro, síntese das projeções políticas e econômicas de nosso Estado.
O recorte dessa reflexão se faz necessário, pois pretende-se buscar uma melhor compreensão de nosso tempo social, rompendo com visões reduzidas, conservadoras ou meramente estatísticas sobre o tema violência, bem como indicar apontamentos às modificações sentidas no cotidiano dos grandes centros urbanos brasileiros que (re)ordenam o comportamento dos grupos de jovens, em face das transformações políticas, econômicas e socioculturais em curso.
Por outro lado, mesmo com "toda" perspectiva de (re)visitar posturas mais ampliadas, sabe-se que não é muito tranqüilo iniciar discussão sobre violência, sob qualquer ótica.1 Trata-se de um tema ainda bastante penoso e pesado, do ponto de vista do objeto-sujeito, bem como do método determinista e/ou não-determinista. Contudo, em que pese a intranqüilidade exposta, caminhar é preciso e ir a fundo na questão significa atentar para as particularidades de cada violência e de como cada grupo faz uso dela ou nela está inserido. Não é tarefa (e nem abordagem) fácil!
Pois bem, é na tentativa de compreender nosso tempo social e na perspectiva de romper com visões reduzidas que são tomados como referência de observação os discursos de "autoridades" (desportivas, públicas, etc.) e de torcedores filiados para refutar atitudes e estratégias explicativas de violência, com ênfase no fortalecimento dos mecanismos de "segurança", direcionando ações do poder público ao "disciplinamento" e à "manutenção da ordem social vigente".
A violência vem ganhando parte significativa na agenda social, em especial nos veículos de comunicação de massa, parecendo assumir o epicentro das preocupações do poder público e do homem contemporâneo. No entanto, merece ser observada por outros ângulos cada vez menos policialescos ou midiáticos, para evitar que seja utilizada, apenas, como cenário de "espetáculo" e "banalização" humana.
A partir da visão dos "torcedores" (muitas vezes denominados vândalos2 em trabalhos científicos) e das "autoridades" envolvidas com o evento esportivo, busca-se relacionar a violência produzida entre as "torcidas organizadas" com os "jogos" de relações sociais travados no espaço urbano. Pelos olhos desses envolvidos é que se encaminhará a fundamentação das questões levantadas.
A observação privilegiará os discursos coletados em pesquisa de campo ou em dados obtidos na imprensa escrita e televisiva, dos anos 80 em diante, tendo como ponto de partida:
- aumento da violência entre "torcidas organizadas";
- a intolerância com a violência, após o dia 20 de agosto de 1995, no acontecimento denominado de "Batalha Campal do Pacaembu";
- a incompatibilidade da violência com os rumos da profissionalização administrativa do futebol brasileiro.