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A Vida É Bela Foi com essa frase tão otimista, e ao mesmo tempo controversa, que os roteiristas Roberto Benigni e Vincenzo Cerami decidiram entitular a produção da Melampo Cinematografica. E é o versátil Benigni, agregando os papéis de protagonista e diretor, que conduz com excelência essa comédia tipicamente italiana. Pois a Itália é o grande palco dessa história, com direito a belas paisagens e cidade. Aliás, o país foi homenageado pelo filme. Contribuindo com o visual, pode-se dizer que o áudio apresenta-se no mesmo nível de qualidade; tanto é que "A Vida É Bela" recebeu o Oscar 1999 de Trilha Sonora Original. A um belo cenário e a uma boa música, um grande texto não poderia deixar de constar. E isso também foi pensado pelos roteiristas. Um texto inteligente, rico, leve, e que se manteve regular durante todo o filme. Igualmente merece menção o encadeamento de detalhes de uma cena com a sua subsequente. Isso só não passa despercebido pelo espectador atento. Um ponto alto do filme é o encontro entre Guido e o Dr. Lessing, oficial nazista seu conhecido, no campo de concentração. O prisioneiro esperava a qualquer custo conseguir ajuda para salvar o filho. E é o que todos aguardam ver; mas, quebrando a expectativa, o lunático Dr. Lessing apenas propõe a Guido uma charada. Tudo isso através de um pedido de ajuda, pelo amor de Deus. Outra marca registrada do enredo é o romantismo entre Guido (Roberto Benigni) e Dora (Nicoletta Braschi). O amor do protagonista pela bela professora deu-se no primeiro momento. E a partir daí o garçom faz de tudo para encantar e conquistar Dora. "Bom dia princesa" é a recorrente frase dita por Guido. Roberto Benigni (Oscar 1999 de Melhor Ator) é exato no papel de Guido, personagem esse marcado pela irreverência e humor, o que acaba amenizando a carga dramática da obra. Durante todo o filme, o personagem será visto com um sorriso no rosto, até mesmo quando percebe que sua morte é inevitável. Tudo isso para preservar o pequeno Giosué dos horrores da 2ª Guerra e do Holocausto. Aproveitando o gancho, o filme não tem a intenção de encenar a guerra, mas apenas contextualizá-la. Isso é feito com toda a sutileza, deixando o filme não tão dramático. O mesmo é feito com relação ao ódio pelos judeus. Apesar de ser retratado, é apenas no meio do filme que se percebe que o protagonista é judeu. Não era a intenção de Guido que o filho soubesse desse preconceito, e é esse o olhar adotado pelo filme. Com toda a certeza, essa relação entre pai e filho é dos aspectos mais tocantes de "A Vida É Bela". E é justamente isso que permanece com o pequeno órfão no final da guerra, e que reafirma o dizer do título como verdadeiro. "A Vida É Bela" é um filme que merece ser assistido e admirado, por todos os elementos que o tornam uma obra-prima impecável, um verdadeiro Oscar.