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O comício realizado pelas forças de apoio ao presidente João Goulart, no dia 13 de março de 1964, é tido pelos historiadores como um dos principais estopins para o golpe civil-militar deflagrado 18 dias depois. A preocupação deste trabalho é analisar o teor do discurso proferido por Jango, buscando nele traços da retórica populista. O uso sistemático das palavras “povo”, “trabalhadores”, “brasileiros” e de estratégias discursivas como a demonização dos adversários, a exaltação da pátria e de “heróis” do passado e o emprego de frases carregadas de um lirismo dramático, são marcas inequívocas desta prática. Cunhado por Francisco Weffort, o termo “populismo” caracteriza o fenômeno político onde líderes utilizam a ligação direta com a população, sobrepondo-se inclusive aos próprios partidos e às instituições representativas, para implantar seus projetos. No caso do Brasil, o populismo esteve estreitamente vinculado à ascensão da classe operária urbana, que passou a integrar o cenário nacional a partir do primeiro governo Vargas. O discurso de 13 e março é, ao mesmo tempo, o ápice e o ocaso deste modelo, razão pela qual entendo ser relevante a sua análise.