• Matéria: História
  • Autor: Isaahlsb12
  • Perguntado 7 anos atrás

Oque buscava Montaigne ao estabelecer contato com os tupinambás?

Respostas

respondido por: Victoria736
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O clássico texto Dos canibais nos revela a interpretação sobre o Velho e o Novo Mundo por meio da marcante linha de pensamento do filósofo francês Michel Montaigne. Essa análise, organizada por Plínio Junqueira Smith, permite aos leitores uma profunda interpretação sobre como compreender e avaliar outro povo, aproximando o desconhecido e interpretando seus costumes e práticas de modo a nos levar a entender nossa própria sociedade. 
O canibalismo foi abordado por Montaigne através do contato dos europeus com os índios, habitantes do Novo Mundo e, em especial, dos índios brasileiros. Essa prática, condenada pelos europeus, adquiriu novos modos de interpretação em que diferentes visões eram usadas pelo filósofo francês em múltiplos significados simbólicos. Entre as diversas suposições estaria a de que o canibalismo era uma maneira pela qual um guerreiro adquiriria a força e a coragem do herói vencido. Mas, o canibalismo também era interpretado pelos europeus como uma das mais primitivas barbaridades, sem propósito maior do que o sofrimento humano. Dessa maneira, Montaigne retrata, neste texto clássico, as mais diversas interpretações e medos a respeito do desconhecido Novo Mundo. 
O livro também serve de porta de entrada para o complexo pensamento de um dos mais brilhantes filósofos da tradição ocidental. Para Montaigne, num jogo sutil de argumentação, os “bárbaros” não seriam aqueles que habitavam a parte desconhecida do mundo, mas sim os indivíduos que se encontravam no Velho Mundo. 

CONCLUSÃO: O pensador foi o primeiro grande nome das letras européias a fazer referência ao Brasil, graças às informações de um homem que estava a seu serviço e que por aqui estivera nos tempos da França Antártica. Seu capítulo "Dos Canibais" (Ensaios, Livro I, capítulo XXXI) continua sendo uma das mais belas páginas do encontro da cultura européia com os nativos do Novo Mundo. Esforçou-se por recomendar aos seus que se despissem de preconceitos ao lidar com os indígenas, pois tinham o vício de chamar de bárbaro tudo aquilo que achavam estranho a sua cultura. Imediatamente percebeu que o homem branco inclinava-se para "abastardá-los" apenas para satisfazer o seu "gosto corrompido". Considerava os índios como seres criados por Deus em estado puro. Utilizou-se de seus costumes saudáveis, visto que ignoravam as palavras "mentira", "traição" ou "avareza", para fazê-los contrastar com a França do seu tempo. Chegou a minimizar-lhes o canibalismo, dizendo que na guerra se portavam de maneira mais digna do que a soldadesca que infernizava a vida dos franceses durante as guerras de religião. Em Ruão entrevistou-se com alguns caciques trazidos da América e registrou que um deles manifestou espanto pelos pobres não se revoltarem contra os poderosos e assistirem, impassíveis, à opulência dos ricos. Estranhava o índio que aceitassem viver na injustiça sem tocar fogo nas propriedades dos afortunados.

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