• Matéria: Artes
  • Autor: pereirasalles6982
  • Perguntado 7 anos atrás

No Que se refere ao conteúdo e linguagem, quais são as características da literatura de cordel?

Respostas

respondido por: cristianesiqueira78
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Começando pelo amor. O amor essencialmente é união, e naturalmente a busca: para ali pesa, para ali caminha, e só ali para. Tudo são palavras de Platão, e de Santo Agostinho. Pois se a natureza do amor é unir, como pode ser efeito do amor o apartar? Assim é, quando o amor não é extremado e excessivo. As causas excessivamente intensas produzem efeitos contrários. A dor faz gritar; mas se é excessiva, faz emudecer: a luz faz ver; mas se é excessiva, cega: a alegria alenta e vivifica; mas se é excessiva, mata. Assim o amor: naturalmente une; mas se é excessivo, divide: Fortis est ut mors dilectio: o amor, diz Salomão, é como a morte. Como a morte, rei sábio? Como a vida, dissera eu. O amor é união de almas; a morte é separação da alma: pois se o efeito do amor é unir, e o efeito da morte é separar, como pode ser o amor semelhante à morte? O mesmo Salomão se explicou. Não fala Salomão de qualquer amor, senão do amor forte? Fortis est ut mors dilectio: e o amor forte, o amor intenso, o amor excessivo, produz efeitos contrários. É união, e produz apartamentos. Sabe-se o amor atar, e sabe-se desatar como Sansão: afetuoso, deixa-se atar; forte, rompe as ataduras. O amor sempre é amoroso; mas umas vezes é amoroso e unitivo, outras vezes amoroso e forte. Enquanto amoroso e unitivo, ajunta os extremos mais distantes: enquanto amoroso e forte, divide os extremos mais unidos. (ANTONIO VIEIRA. Sermão do Mandato. )

1.Mencione e explique uma característica do estilo barroco que Vieira explora com insistência no seguinte trecho “O amor é união de almas; a morte é separação da alma: pois se o efeito do amor é unir, e o efeito da morte é separar, como pode ser o amor semelhante à morte?”

RESPOSTA:

O dualismo barroco está presente na utilização de antíteses e paradoxos, técnica típica da tendência conceptista da qual Vieira é o maior representante.

2.Vieira, em seu sermão, afirma que uma mesma causa pode produzir efeitos contrários, conforme a presença ou não de determinado fator. Com base nesta constatação:

a.determine o fator que segundo afirma Vieira, é responsável por fazer com que uma mesma causa produza efeitos contrários.

b.indique o fenômeno físico que Vieira apresenta como uma das provas do que afirma.

RESPOSTAS:

a.”As causas (…) cega”

b) “a luz faz (…) cega”

As questões de números 03 a 06 se baseiam em um fragmento do Sermão do Mandato, do orador barroco Antônio Vieira (1608-1697), e num trecho do poema Feliza, do poeta neoclássico Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805).

Sermão do Mandato

Começando pelo amor. O amor essencialmente é união, e naturalmente a busca: para ali pesa, para ali caminha, e só ali para. Tudo são palavras de Platão, e de Santo Agostinho. Pois se a natureza do amor é unir, como pode ser efeito do amor o apartar? Assim é, quando o amor não é extremado e excessivo. As causas excessivamente intensas produzem efeitos contrários. A dor faz gritar; mas se é excessiva, faz emudecer: a luz faz ver; mas se é excessiva, cega: a alegria alenta e vivifica; mas se é excessiva, mata. Assim o amor: naturalmente une; mas se é excessivo, divide: Fortis est ut mors dilectio: o amor, diz Salomão, é como a morte. Como a morte, rei sábio? Como a vida, dissera eu. O amor é união de almas; a morte é separação da alma: pois se o efeito do amor é unir, e o efeito da morte é separar, como pode ser o amor semelhante à morte? O mesmo Salomão se explicou. Não fala Salomão de qualquer amor, senão do amor forte? Fortis est ut mors dilectio: e o amor forte, o amor intenso, o amor excessivo, produz efeitos contrários. É união, e produz apartamentos. Sabe-se o amor atar, e sabe-se desatar como Sansão: afetuoso, deixa-se atar; forte, rompe as ataduras. O amor sempre é amoroso; mas umas vezes é amoroso e unitivo, outras vezes amoroso e forte. Enquanto amoroso e unitivo, ajunta os extremos mais distantes: enquanto amoroso e forte, divide os extremos mais unidos. (ANTONIO VIEIRA. Sermão do Mandato. )

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