Considere o texto e as afirmativas que seguem.
A vingança do mundo vigiado
Sorria, você está sendo filmado. Ou chore, você está sendo filmado.
A propósito, não é improvável que você esteja sendo filmado enquanto lê este artigo. Os seus hábitos de consumo estão catalogados em bancos de dados que são vendidos por aí. A marca de papel higiênico que você compra no supermercado faz parte da sua ficha pessoal em algum arquivo de marketing. Os exames do seu check-up, realizados naquele laboratório todo informatizado, bem, eles podem cair na rede. As chamadas do seu celular são rastreáveis, todas elas. A que horas você ligou para quem e de que lugar você chamou, tudo se sabe.
Pelas pesquisas que você faz no Google, os administradores podem levantar o seu rol de preferências, mesmo aquelas que você não gostaria de declarar em público. Os radares da cidade registram por onde você passeia de automóvel.
As consultas que você faz na Amazon fazem parte do seu perfil, devidamente armazenado. Pelo seu cartão de crédito, podem saber os restaurantes em que você anda almoçando, os vinhos que você pede, a dieta que você segue. As portarias de prédios que você cruzou, as catracas que atravessou, os elevadores em que subiu ou desceu, tudo isso é sabido.
E aqui não estamos falando de vírus espiões instalados em seu computador, das escutas encomendadas pelos rivais (amorosos, religiosos, políticos ou econômicos), mas apenas dos mecanismos supostamente lícitos pelos quais, como já foi dito, você está sendo filmado. Não é bem que a privacidade tenha diminuído de uns tempos para cá. A privacidade, nos moldes em que costumávamos imaginá-la, virou uma categoria impossível, irrealizável. A privacidade foi extinta pela História.
Dentro disso, qual a grande surpresa do WikiLeaks? Ora, ora, nenhuma.
Pelo WikiLeaks, a espionagem oficial, antes guardada pelos carimbos de "secreto" ou "confidencial" nos gabinetes diplomáticos, vai-se convertendo em divertimento planetário.
A profusão dos documentos vazados e a irrelevância da imensa maioria das informações conferem ao circo certo ar de banalidade, como se segredos de Estado não fossem lá grande coisa. E talvez não sejam mesmo. O WikiLeaks sobrevém como a vingança dos que não têm mais privacidade contra os que ainda se imaginavam controladores das privacidades dos comuns. Não há mais segredos bem guardados, nem mesmo na Casa Branca. O panóptico estilhaçou-se, caiu como a velha Bastilha. Reis e rainhas trafegam nus. Os esconderijos esfacelam-se. (BUCCI, E. A vingança do mundo vigiado. Disponível em: . Acesso em: 08 mar. 2013. Adaptado).
Com base nesse texto,m considere as afirmativas abaixo.
I Atualmente é impossível manter total privacidade e há formas consideradas lícitas de mapear as ações cotidianas dos cidadãos.
II Ao quebrar a privacidade na internet o WikiLeaks realiza, em essência, a mesma prática já executada por empresas e governos.
III A vigilância dos hábitos e das ações das pessoas visa sempre ao bem-estar e à segurança dos cidadãos.
Está correto o que se afirma em
A
I, II e III.
B
I e II, apenas.
C
I e III, apenas.
D
II e III, apenas.
E
I, apenas.
Respostas
respondido por:
10
I é verdadeira, posto que todos os movimentos dos cidadãos são seguidos, rastreados, por governos e empresas de marketing, sendo consideradas lícitas muitas destas formas de rastreamento.
II é verdadeira, sendo esta a tese principal do texto: o WikiLeaks é uma forma de vingança dos "vigiados" contra os "vigilantes".
III é falsa, pois o texto fala em hackers e vírus maliciosos, por exemplo, que certamente não desejam o bem-estar e a segurança de quem vigiam.
É correta a alternativa B.
respondido por:
28
Resposta:
C
Explicação:
Atualmente é impossível manter total privacidade e a formas considerada lícitas de mapear as ações cotidianas dos cidadãos.
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