Texto 1 - Tu não verás, Marília, cem cativos...
Texto 2- Aqui, prezado Amigo, principia...
PERGUNTAS
1- No texto 1, para retratar as atribulações do mundo, Gonzaga utiliza a cor local, afastando-se das convenções árcades. Nas primeiras quatro estrofes, que atividades próprias do período colonial no Brasil são apresentadas? Justifique sua resposta com elementos do texto.
2- As primeiras quatro estrofes do poema são introduzidas pela expressão negativa não verás. O que o eu lírico enfatiza por meio da repetição dessa expressão?
3- Com a expressão afirmativa''Verás'', na quinta estrofe, tem início a segunda parte do poema.
a) Nessa parte, como é caracterizado o ambiente em que o eu lírico pretende viver com Marília?
b) As atividade que o eu lírico projeta para esse ambiente se contrapõem àquelas que são retratadas na primeira parte do poema ? Por quê?
c) Conclua: Pode-se dizer que, nessa poema, Gonzaga adota uma identidade tipicamente pastoril? Justifique sua resposta com elementos do texto.
4-Na ultima estrofe, o eu lírico se apresenta como um poeta que louva em seus versos os encantos de Marília. Pode-se dizer que, nessa estrofe, ele enaltece os próprios poemas? Por quê? Justifique sua resposta com elementos do texto.
5- No poema de Gonzaga, que valores da burguesia são expresso? Justifique sua resposta com elementos do texto.
6- Marília é retratada no poem como uma mulher que se interessa por literatura e história. Veja nestes outros versos do poeta como ela é descrita:
A minha bela Marília
tem de seu um bom tesouro;
não é, doce Alceu, formado
do buscado
metal louro;
é feito de um dos alvos dentes,
é feito de um dos olhos belos,
de umas faces graciosas,
de crespos, finos cabelos,
De acordo com esses versos e o poema em estudo, Marília é uma figura abstrata, como Nise, de Cláudio Manuel da Costa? Justifique sua resposta com elementos do texto.
7- Na primeira estrofe do texto 2, Critilo conta a Doroteu que Fanfarrão Minésio e seus comandantes mandam açoitar homens injustamente.
a) Explique de modo resumido o que tais homens fizeram para serem submetidos a tal penalidade.
b) Por que a punição desses homens contrariava as leis do reino?
8- Leia o texto " O iluminismo e a escravidão". Depois, responda: Nos versos das Cartas Chilenas lidos, Gonzaga mostra-se influenciado pelas ideias iluministas acerca da escravidão? Justifique sua resposta com elementos do texto.
O Iluminismo e a escravidão
A obra Do contrato social ou princípios do direito político, de Rousseau, publicada em 1762, inicia-se com célebre frase '' O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a ferros". Nessa obra, o filósofo iluminista, tal como Montesquieu e Voltaire, condenou a escravidão, por considerá-la contraria ao direito da humanidade:
Assim, seja qual for o modo de encarar as coisas. nulo é o direito da escravidão não só por ser ilegítimo, mas por ser absurdo e nada significar. as palavras escravidão e direito são contraditórias, excluem-se mutuamente. quer de um homem a um povo, será sempre igualmente insensato este discurso: "Estabeleço contigo uma convenção ficando tudo a teu cargo e tudo ao meu proveito, convenção essa a que obedecerei enquanto me aprouver e que tu observarás enquanto for do meu agrado".
Respostas
Olá,
1- No texto 1, para retratar as atribulações do mundo, Gonzaga utiliza a cor local, afastando-se das convenções árcades. Nas primeiras quatro estrofes, que atividades próprias do período colonial no Brasil são apresentadas? Justifique sua resposta com elementos do texto.
Pode-se destacar o plantio e a mineração do ouro, justificadas em:
“Não verás separar ao hábil negro
do pesado esmeril a grossa areia;
e já brilharem os granetes de ouro
no fundo da bateia.”
“Não verás derrubar os virgens matos,
queimar as capoeiras inda novas,
servir de adubo à terra a fértil cinza,
lançar os grãos nas covas.”
2- As primeiras quatro estrofes do poema são introduzidas pela expressão negativa não verás. O que o eu lírico enfatiza por meio da repetição dessa expressão?
Enfatiza que Marilia estará voltadas a assuntos do lar, enquanto todas estas mudanças estiverem ocorrendo estará focada em outras atividades.
3- Com a expressão afirmativa ''Verás'', na quinta estrofe, tem início a segunda parte do poema.
a) Nessa parte, como é caracterizado o ambiente em que o eu lírico pretende viver com Marília?
Um ambiente doméstico tradicional, voltado para assuntos do lar.
b) As atividade que o eu lírico projeta para esse ambiente se contrapõem àquelas que são retratadas na primeira parte do poema? Por quê?
Se contrapõe pois na primeira parte são descritas atividades globais, que abrangem processos da sociedade, enquanto na segunda parte são apresentadas atividades da vida doméstica.
c) Conclua: Pode-se dizer que, nessa poema, Gonzaga adota uma identidade tipicamente pastoril? Justifique sua resposta com elementos do texto.
Sim, já que dá mais atenção a sua realidade do que em questões macros, valoriza a sua rotina e seus interesses.
4-Na última estrofe, o eu lírico se apresenta como um poeta que louva em seus versos os encantos de Marília. Pode-se dizer que, nessa estrofe, ele enaltece os próprios poemas? Por quê? Justifique sua resposta com elementos do texto.
Sim, já que diz que Marília lhes dará o justo apreço.
“Lerás em alta voz, a imagem bela;
eu vendo que lhe dás o justo apreço”
5- No poema de Gonzaga, que valores da burguesia são expresso? Justifique sua resposta com elementos do texto.
A procura por sempre mais recursos, como em ““Não verás separar ao hábil negro do pesado esmeril a grossa areia; e já brilharem os granetes de ouro no fundo da bateia.”
6- De acordo com esses versos e o poema em estudo, Marília é uma figura abstrata, como Nise, de Cláudio Manuel da Costa? Justifique sua resposta com elementos do texto.
Não, Marilia é bem caracterizada pelo autor, através de sua descrição e de suas preferências.
7- Na primeira estrofe do texto 2, Critilo conta a Doroteu que Fanfarrão Minésio e seus comandantes mandam açoitar homens injustamente.
a) Explique de modo resumido o que tais homens fizeram para serem submetidos a tal penalidade.
São contadas três situações: um recusou-se a emprestar seu escravo, outro se interessou pela filha de seu comandante e outro cobrou a dívida.
b) Por que a punição desses homens contrariava as leis do reino?
Por que tal punição tão severa só valia agressores, que praticassem crimes quase iguais aos réus de morte.
8- Leia o texto " O iluminismo e a escravidão". Depois, responda: Nos versos das Cartas Chilenas lidos, Gonzaga mostra-se influenciado pelas ideias iluministas acerca da escravidão? Justifique sua resposta com elementos do texto.
Na verdade, parece que o autor retrata mais o abuso da autoridade do que se posiciona contra especificamente a escravidão. Entretanto, ao julgar que a escravidão também é citada em alguns momentos, acredito que a opinião do autor também pode ser contrária a esta.
Espero ter ajudado!
1. No trecho lido de sua obra, "Marília de Dirceu", Tomás Antônio Gonzaga menciona atividades econômicas praticadas no Brasil colonial, como a mineração, a agricultura (e suas implicações como o desmatamento, as queimadas e o cultivo das drogas), e o engenho da cana-de-açúcar.
Exemplos extraídos do texto
Após a leitura do primeiro bloco de estrofes da poesia, pode-se localizar as atividades econômicas citadas acima nos seguintes trechos:
- "tirarem o cascalho e a rica terra, ou dos cercos dos rios caudalosos, ou da minada serra";
- "Não verás derrubar os virgens matos, queimar as capoeiras inda novas, servir de adubo à terra a fértil cinza, lançar os grãos nas covas";
- "Não verás enrolar negros pacotes das secas folhas do cheiroso fumo; nem espremer entre as dentadas rodas da doce cana o sumo".
2. A recorrência da expressão "não verás" no poema indica que o objetivo de Gonzaga ao lançar mão de tal recurso visa reforçar que o eu poético deseja viver com Marília de uma maneira diferente daquela caracterizada em seu primeiro bloco de estrofes.
O efeito expressivo da repetição como recurso estilístico
Ao repetir a expressão "não verás", o eu-lírico do poema garante à sua amada que, ao compartilhar sua vida com ele, Marília não testemunhará, tampouco vivenciará a árdua rotina dos camponeses e escravos que trabalham nos campos do Brasil Colônia.
3. A poesia de Tomás Antônio Gonzaga constrói-se sobre a lógica de uma antítese entre o primeiro e o segundo bloco do texto quanto à locação descrita em cada um deles.
Justificando os itens
- a) Nas quatro últimas estrofes do poema, o eu poético imagina viver com a amada numa casa acolhedora, hospitaleira, onde possam ser desenvolvidos o hobbie da leitura e o trabalho intelectual.
- b) As atividades citadas pelo eu-lírico nas quatro últimas estrofes do poema são menos mecânicas, mais intelectuais.
- c) Não. Em vez disso, nas últimas estrofes, Gonzaga rompe com o paradigma pastoril trabalhado nas primeiras estrofes quando menciona atividades mais ligadas à burguesia.
4. Pode-se perceber, no final do poema, um elogio implícito tecido pelo eu-lírico à sua própria escrita.
Exemplos extraídos do texto
Ao enunciar "Marília, não lhe invejes a ventura, que tens quem leve à mais remota idade a tua formosura", o eu poético quer insinuar que os seus escritos em adoração a Marília poderão ser lidos por muito tempo.
5. Na obra arcadista "Marília de Dirceu", o autor atribui à classe burguesa valores de simplicidade, intelectualidade e engajamento laboral.
Exemplos extraídos do texto
Os burgueses pertenciam à parcela majoritária do público a quem dirigiam-se as obras literárias do século XVIII e, no livro de Tomás Antônio Gonzaga, por exemplo, eram relacionados às virtudes anteriormente citadas nas seguintes passagens:
- "lendo os fastos da sábia, mestra História, e os cantos da poesia";
- "gostoso tornarei a ler de novo o cansado processo".
6. Marília, a de Dirceu, não é uma figura abstrata como Nise, da obra de Cláudio Manuel da Costa..
Exemplos extraídos do texto
Nos seguintes trechos de "Marília de Dirceu", o eu poético, ao se referir à amada, transmite a ideia de uma criatura concreta:
- é feito de uns alvos dentes, é feito de uns olhos belos, de umas faces graciosas, de crespos, finos cabelos.
7.
Justificando cada item
- a) Os homens açoitados injustamente assim foram castigados ao fazer uma cobrança ao comandante ("vem aquele, que a dívida pediu ao Comandante"), ao se insinuar para uma de suas filhas ("vem aquele, que pôs impuros olhos na sua mocetona") e ao não emprestar a ele um escravo ("e vem o pobre, que não quis emprestar-lhe algum negrinho");
- b) As leis do reino determinavam que, não tendo cometido crime grave, um homem somente poderia ser açoitado pelo seu senhor, quando na condição de escravo.
8. É estabelecida, entre o texto "O iluminismo e a escravidão", e os versos da obra "Cartas Chilenas", de Tomás Antônio Gonzaga, uma relação de intertextualidade.
Tomás Antônio Gonzaga e a escravidão
No poema de Gonzaga, não é tecido nenhum juízo de valor negativo em relação ao regime escravocrata; ao contrário, a escravidão é citada pelo autor como um fator que legitima o emprego da violência nas relações entre senhores e escravos.
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