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As máscaras africanas simbolizam a diversidade de manifestações culturais em muitos povos do continente. São usadas em rituais de iniciação ou passagem, cerimônias religiosas, funerais, entre outros eventos de vital importância para essas sociedades. Elas estão no epicentro da identificação dos povos com seus antepassados e suas tradições, possuindo significados que ultrapassam a fronteira de seu valor estético. Neste artigo, irei analisar brevemente três esferas – que se complementam, é bom enfatizar – as quais procuram interpretar os conceitos e sentidos dos usos das máscaras, são elas: espiritual, teatral e política.
Segundo Joseph Campbell¹, as máscaras precisam ser percebidas a partir de seus valores míticos, dentro da lógica de um mundo que se torna mágico pela arte, saindo de uma perspectiva secular para a do “faz de conta” – é a lógica do encantamento e da criatividade. Para esta finalidade, podemos parafrasear o romancista alemão Thomas Mann quando define o mito como o princípio da vida, sendo a “fórmula sagrada para a qual a vida flui quando esta projeta suas feições para fora do inconsciente”.² Nesse mundo mágico ou fantástico, no sentido mais relevante que o termo foi usado pela literatura, o portador da máscara em um ritual não apenas representa deus, ele é, para os seus semelhantes, o próprio deus. Ele transcende, assim, sua própria identidade e se transforma em um ser espiritual poderoso.