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Alguns instrumentos legais podem minimizar a situação do racismo no Brasil. Segundo o Estatuto da Igualdade Racial, de autoria do senador Paulo Paim (PT/RS) e aprovado em novembro deste ano, o Brasil terá que praticar ações afirmativas, o que significa cotas para afro-descendentes na educação, no mercado de trabalho, nos meios de comunicação.
Se o Brasil não fizer nada, vai continuar botando culpa na escravidão, que já acabou há mais de 100 anos, e não pode mais ser usada como desculpa. Depois da escravidão, houve conivência do poder estatal com a discriminação racial. Então, o Estado que escravizou é o mesmo Estado que tem que fazer política de promoção da igualdade racial, salienta a deputada estadual Jurema Batista.
Na pesquisa Perfil Social das 500 Maiores Empresas, realizada pelo Instituto Ethos e pela Fundação Getúlio Vargas no ano de 2003, fica claro que a política de cotas deu resultados, no caso dos deficientes.
A manutenção de programa especial para contratação de pessoas com deficiência é a política afirmativa mais difundida e praticada por 32% das empresas. É provável que essa ampla adesão se deva não apenas à legislação existente para garantir a inclusão de pessoas com deficiência, mas, também, ou principalmente a uma mudança de mentalidade, com a crescente valorização da responsabilidade social, diz o relatório.
No caso dos negros, ainda é preciso que o indivíduo seja extremamente capacitado para ganhar uma disputa e, mesmo assim, os comentários contêm uma pitada de maldade.
O compositor e historiador Nei Lopes – que é também militante do movimento negro e aos 63 anos recebeu do presidente Lula e do Ministro da Cultura, no dia 8 de novembro, a Ordem do Mérito Cultural pelo conjunto de sua obra -, chama atenção para a nova estética que chegou ao cinema depois do filme Cidade de Deus: negro que vende, que dá bilheteria, é negro de atitude, ou seja, de revólver na mão.
E, na música, negro que vende milhões de cópias é só aquele que se alinha com a indústria pop transnacional – até mesmo fingindo que contesta o sistema, como é o caso dos rappers e hip-hoppers; samba, por exemplo, é coisa de preto velho e pobre, explica. Na sua 16ª obra, Kitábu, o livro do saber e do espírito negro-africanos, Nei faz uma espécie de breviário da filosofia e das religiões africanas e afro-originadas.
No caso das pessoas brancas, há um outro problema: muita desinformação. Nem todos são racistas. Há brancos racistas, os que são solidários à nossa luta, e os que são ignorantes a essa questão, uma vez tocados, até ficam do nosso lado, disse Jurema Batista. No caso negro também. Há negros que têm raiva de negro. Mas sempre explico que a educação que recebeu, não é para que se respeite.
Se não se respeita, não se aceita como negro, não vai aceitar o outro. Ninguém diz: ‘você é inferior’, apenas negam a sua cultura, a sua identidade e só te reconhecem como escravo. O único papel de relevância que nós somos reconhecidos na história brasileira é como escravos, complementa Ivanir dos Santos, secretário-executivo do CEAP (Centro de Articulação de Populações Marginalizadas).
Ivanir é também responsável por um dos mais importantes projetos de valorização dos afro-descendentes: o Projeto Camélia da Liberdade. Algumas entidades foram homenageadas porque tiveram política de ação afirmativa. Não ano passado, ganharam cinco empresas:
ABN Banco, IBM, Du Pont, Camisaria Colombo e a PUC – pela Uneb – Universidade Estadual da Bahia. O projeto continua. Estamos concluindo agora seis cadernos, publicações sobre história de personalidades negras, além de contribuições em várias áreas.
Um concurso de redação sobre a contribuição do negro na sociedade e política de ação afirmativa, em 500 escolas públicas e particulares, será lançado em fevereiro.
No último dia 22 de novembro, Ivanir participou de uma marcha em Brasília pedindo a anistia do marinheiro João Cândido, líder da Revolta da Chibata – que eclodiu em 22 de novembro de 1910 – e lutando também para que a Petrobras colocasse o nome dele em um de seus navios.
A Marinha resiste, nós sabemos. Mas não vamos abrir mão deste herói negro. Continuamos a luta, talvez ainda seja preciso mais 100 anos para que todos se acostumem a nos ver em condições de igualdade, concluiu Ivanir.
Se o Brasil não fizer nada, vai continuar botando culpa na escravidão, que já acabou há mais de 100 anos, e não pode mais ser usada como desculpa. Depois da escravidão, houve conivência do poder estatal com a discriminação racial. Então, o Estado que escravizou é o mesmo Estado que tem que fazer política de promoção da igualdade racial, salienta a deputada estadual Jurema Batista.
Na pesquisa Perfil Social das 500 Maiores Empresas, realizada pelo Instituto Ethos e pela Fundação Getúlio Vargas no ano de 2003, fica claro que a política de cotas deu resultados, no caso dos deficientes.
A manutenção de programa especial para contratação de pessoas com deficiência é a política afirmativa mais difundida e praticada por 32% das empresas. É provável que essa ampla adesão se deva não apenas à legislação existente para garantir a inclusão de pessoas com deficiência, mas, também, ou principalmente a uma mudança de mentalidade, com a crescente valorização da responsabilidade social, diz o relatório.
No caso dos negros, ainda é preciso que o indivíduo seja extremamente capacitado para ganhar uma disputa e, mesmo assim, os comentários contêm uma pitada de maldade.
O compositor e historiador Nei Lopes – que é também militante do movimento negro e aos 63 anos recebeu do presidente Lula e do Ministro da Cultura, no dia 8 de novembro, a Ordem do Mérito Cultural pelo conjunto de sua obra -, chama atenção para a nova estética que chegou ao cinema depois do filme Cidade de Deus: negro que vende, que dá bilheteria, é negro de atitude, ou seja, de revólver na mão.
E, na música, negro que vende milhões de cópias é só aquele que se alinha com a indústria pop transnacional – até mesmo fingindo que contesta o sistema, como é o caso dos rappers e hip-hoppers; samba, por exemplo, é coisa de preto velho e pobre, explica. Na sua 16ª obra, Kitábu, o livro do saber e do espírito negro-africanos, Nei faz uma espécie de breviário da filosofia e das religiões africanas e afro-originadas.
No caso das pessoas brancas, há um outro problema: muita desinformação. Nem todos são racistas. Há brancos racistas, os que são solidários à nossa luta, e os que são ignorantes a essa questão, uma vez tocados, até ficam do nosso lado, disse Jurema Batista. No caso negro também. Há negros que têm raiva de negro. Mas sempre explico que a educação que recebeu, não é para que se respeite.
Se não se respeita, não se aceita como negro, não vai aceitar o outro. Ninguém diz: ‘você é inferior’, apenas negam a sua cultura, a sua identidade e só te reconhecem como escravo. O único papel de relevância que nós somos reconhecidos na história brasileira é como escravos, complementa Ivanir dos Santos, secretário-executivo do CEAP (Centro de Articulação de Populações Marginalizadas).
Ivanir é também responsável por um dos mais importantes projetos de valorização dos afro-descendentes: o Projeto Camélia da Liberdade. Algumas entidades foram homenageadas porque tiveram política de ação afirmativa. Não ano passado, ganharam cinco empresas:
ABN Banco, IBM, Du Pont, Camisaria Colombo e a PUC – pela Uneb – Universidade Estadual da Bahia. O projeto continua. Estamos concluindo agora seis cadernos, publicações sobre história de personalidades negras, além de contribuições em várias áreas.
Um concurso de redação sobre a contribuição do negro na sociedade e política de ação afirmativa, em 500 escolas públicas e particulares, será lançado em fevereiro.
No último dia 22 de novembro, Ivanir participou de uma marcha em Brasília pedindo a anistia do marinheiro João Cândido, líder da Revolta da Chibata – que eclodiu em 22 de novembro de 1910 – e lutando também para que a Petrobras colocasse o nome dele em um de seus navios.
A Marinha resiste, nós sabemos. Mas não vamos abrir mão deste herói negro. Continuamos a luta, talvez ainda seja preciso mais 100 anos para que todos se acostumem a nos ver em condições de igualdade, concluiu Ivanir.
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