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A degradação ambiental é uma das causas profundas que estão na origem de décadas de conflito no Sudão, defende um novo relatório da ONU, que avisa que é improvável que o país conheça uma paz duradoura se o problema não for rapidamente resolvido.
A investigação levada a cabo pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), que procedeu a uma avaliação do Sudão, a pedido do novo Governo de Unidade Nacional e do Governo do Sul-Sudão, “mostrou claramente que a paz e os meios de subsistência no Darfur e no resto do Sudão estão inextricavelmente ligados ao desafio ambiental”, disse Achim Steiner, Director Executivo do PNUA.
“Tal como a degradação ambiental pode contribuir para desencadear e perpetuar um conflito, a gestão sustentável dos recursos naturais pode proporcionar a base de uma estabilidade a longo prazo, de meios de subsistência sustentáveis e de desenvolvimento”.
Achim Steiner considera como sinais positivos a assinatura de um acordo de paz global, em 2005, e alguns acontecimentos recentes, nomeadamente a decisão de enviar para o Darfur uma força conjunta de manutenção da paz da ONU e da UA. Mas avisou que a reabilitação do ambiente no Sudão é decisiva para os esforços de paz. “A tragédia do Sudão não é apenas a tragédia de um país de África, é uma janela para o resto do mundo, que ilustra como alguns problemas tais como o esgotamento incontrolado dos recursos naturais – como os solos e as florestas – conjugados com impactos como as alterações climáticas, podem desestabilizar comunidades, mesmo países inteiros”, disse Achim Steiner.
As questões mais importantes são a degradação dos solos, o avanço dos desertos em direcção ao sul (da ordem de 100 quilómetros nas quatro últimas décadas) e o sobrepastoreio em solos frágeis.
O estudo também cita provas crescentes de alterações climáticas regionais a longo prazo em várias zonas do país, como uma queda muito irregular mas acentuada da precipitação atmosférica, em especial nos Estados de Kordofan e Darfur.
Embora as tensões e conflitos no Darfur façam actualmente grandes títulos na imprensa, o relatório avisar que outras partes do país, em particular em certas zonas da fronteira norte-sul, onde se poderiam voltar a registar confrontos provocados em parte pela erosão dos serviços ambientais.
O investimento na gestão ambiental, financiado pela comunidade internacional e pelas receitas das exportações de petróleo e gás do país, será uma componente essencial dos esforços de consolidação da paz.
O relatório contém recomendações concretas sobre medidas em esferas como a desertificação, industrialização, urbanização, recursos, agricultura, vida selvagem e deslocação de populações.
O custo total de aplicação das medidas propostas deverá rondar os 120 milhões de dólares durante três a cinco anos, diz o relatório. “Não se trata de uma quantia exorbitante, se for comparada com o PIB do Sudão em 2005 – 85,5 mil milhões de dólares”, acrescenta.
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