Respostas
Conhecimento sensível
É o conhecimento obtido através dos sentidos - visão, audição, olfato, tato e paladar.
Este conhecimento pode ocorrer numa experiência (emperia = experiência) particular de um indivíduo com um objeto, por exemplo, ao comer uma maçã um indivíduo conhece a maçã. Através de seus sentidos ele pode dizer: 'Esta maçã é doce.', 'Esta maçã é macia.', etc.
Num diálogo entre dois indivíduos, pode ocorrer o conhecimento entre ambos. Daí podem surgir proposições do tipo: 'Fulano é uma pessoa educada.', 'Beltrano é muito ansioso.', etc.
É importante observar que nos dois casos supracitados, as proposições são fruto de experiências subjetivas; por isso estas proposições são chamadas de 'opiniões' (doxa)
Vários problemas existem em relação a estas opiniões:
. Para qualquer indivíduo a maçã é doce e macia?
. Para qualquer indivíduo Fulano é uma pessoa educada e Beltrano é ansioso?
Conhecimento inteligível
É o conhecimento obtido através do intelecto (pensamento, intuição intelectual).
Uma pessoa leiga (não cientista) sabe da existência das células-tronco através de uma reportagem científica mostrada numa revista ou pela TV, onde a comunidade científica descreve as propriedades das células e os efeitos que elas causam em um organismo. Mesmo sem ter visto uma célula-tronco e nem o modo como ela funciona, damos crédito ao conhecimento a nós passado pela comunidade científica.
Este tipo de conhecimento é objetivo (não subjetivo), ele comum a qualquer pessoa. Os filósofos gregos o denominaram de episteme (opinião verdadeira)
Os antigos consideravam o conhecimento como identificação, ou seja, conhece-se um objeto porque há semelhança entre os elementos do conhecimento e os elementos dos objetos.
1. Os pré-socráticos exprimiram-se com o princípio de que 'o semelhante conhece o semelhante'.
Disse Empédocles: 'Conhecemos a terra com a terra, a água com a água.'
Disse Heráclito: 'O que se move conhece o que se move.' Para Heráclito a realidade era a harmonia dos contrários, que não cessam de se transformar uns nos outros. Como então percebemos as coisas como duráveis? Respondendo a esta pergunta, Heráclito conclui que os sentidos nos mostram as coisas enquanto duráveis, mas o nosso pensamento conhece como as coisas são de fato, estão em mudança permanente.
Parmênides pensava o oposto de Heráclito, para ele só é possível pensar o imutável, o idêntico. Perguntava ele, como pensar aquilo que muda? Como pensar aquilo que passa a ser o contrário do que era?
É importante observar que tanto para Heráclito quanto para Parmênides perceber e pensar são coisas diferentes. Para Heráclito os sentidos oferecem a imagem da estabilidade e o pensamento alcança a verdade como mudança contínua. Para Parmênides, percebemos mudanças impensáveis e devemos pensar identidades imutáveis.
Para Demócrito, a realidade é constituída por átomos (partículas indivisíveis) e somente o pensamento pode conhecer os átomos, que são invisíveis para nossa percepção sensorial. Ele dizia que podemos conhecer pelos sentidos mas este conhecimento não é tão profundo quanto o conhecimento pelo puro pensamento.
2. Sócrates e os sofistas:
Para os sofistas (Protágoras, Gorgias, Hípias - sofistas mais destacados) não podemos conhecer a realidade, só podemos ter opiniões subjetivas sobre ela. Isto porque há pluralidade e antagonismos quanto a realidade. Já que podemos só ter opiniões, a linguagem passa a ser a melhor ferramenta para tratar da realidade e persuadir os outras de suas próprias opiniões e idéias. Assim a verdade é uma questão de opinião e de persuasão, e a linguagem é mais importante do que a percepção e o pensamento.
Para Sócrates a verdade pode ser conhecida afastando as ilusões dos sentidos e as ilusões das palavras ou das opiniões e alcançar a verdade apenas pelo pensamento. Conhecer é passar da aparência à essência, da opinião ao conceito, do ponto de vista individual à idéia universal.