• Matéria: Filosofia
  • Autor: flarestorres2001
  • Perguntado 7 anos atrás

Comente a seguinte afirmação: desenvolveu-se no século XX – principalmente a partir de suas últimas três décadas – uma mentalidade menos arrogante quanto ao benefícios infalíveis da racionalidade científica

Respostas

respondido por: willananias
8

Por "mentalidade menos arrogante" podemos entender que, nas últimas décadas do século passado, mudamos o modo de pensar a ciência como detentora última da verdade, cujos métodos nunca falham.

Há diversos filósofos que discutem essa questão. Talvez um dos mais conhecidos no questionamento da racionalidade científica seja Thomas Kuhn. Para Kuhn, a atividade científica consiste em solucionar problemas por meio de um paradigma, um conjunto de métodos, teorias e ideias compartilhados pela comunidade científica. Os cientistas tentam resolver seus problemas dentro do paradigma usual, mas é possível que surja um problema que nada no paradigma consegue resolver. Quando se chega a esse ponto acaba sendo necessário mudar o paradigma e temos, assim, uma revolução científica. Um exemplo famoso é a mudança da ideia da Terra imóvel no centro do universo para a ideia da Terra se movendo ao redor do Sol - com uma Terra imóvel era impossível explicar certos fenômenos. Diante disso, foi necessário que o paradigma adotado pelos cientistas mudasse. Em outras palavras, para Kuhn, não há algo como um progresso científico em que a ciência esteja caminhando inevitavelmente para um entendimento completo de todas as coisas. Para ele, as teorias e métodos científicos podem ser mudados dependendo dos problemas que aparecerem. Nesse sentido, não há uma racionalidade científica infalível, mas diferentes concepções de ciência que variam com os paradigmas.

Um outro modo de examinar essa questão é notar que nem sempre os avanços da ciência contribuem para o bem-estar da sociedade. Basta lembrar das bombas atômicas lançadas no período da Segunda Guerra Mundial. Essas bombas foram construídas graças aos avanços em física nuclear, mas seu uso gerou um número considerável de mortes. Esse tipo de situação leva os filósofos a pensarem no que devemos entender como progresso científico, bem como pensarem nas relações entre ciência e valores morais - o que os cientistas devem ou não fazer? Quais linhas de pesquisas devem ou não ser seguidas?

É um assunto amplo demais para uma resposta curta, mas creio que os pontos acima possam ajudar.

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