Leia o trecho seguinte da Cantiga dos esponsais. Observe bem o emprego das expressões destacadas para identificar o recurso estilístico. 0 boticário mandou alguma coisa, que ele tomou à noite; no dia seguinte mestre Romão não se sentia melhor. E preciso dizer que ele padecia do coração: moléstia grave e crônica. Pai José ficou aterrado, quando viu que o incômodo não cedera ao remédio, nem ao repouso, e quis chamar o médico. - Para quê? - disse o mestre. - Isto passa. 0 dia não acabou pior; e a noite suportou-a ele bem, não assim o preto, que mal pôde dormir duas horas. A vizinhança, apenas soube do incômodo, não quis outro motivo de palestra; os que entretinham relações com o mestre foram visitá-lo. E diziam-lhe que não era nada, que eram macacoas do tempo; um acrescentava graciosamente que era manhã, para fugir aos capotes que o boticário lhe dava no gamão, outro que eram amores. Mestre Romão sorria, mas consigo mesmo dizia que era o final. (Os melhores contos de Machado de Assis. São Paulo: Global, 1986) a. silepse de número b. anacoluto. c. silepse de pessoa. d. objeto direto pleonástico.
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O recurso linguístico presente no texto é o ANACOLUTO.
No fragmento "e a noite suportou-a ele bem", o pronome "a" se refere ao termo "noite", que aparece imediatamente antes. Assim, a frase fica quebrada e o termo "a noite" acaba ficando sem função sintática.
A estrutura sintática da frase foi quebrada pela inserção do pronome "a", deixando o termo "a noite" solto na frase.
Veja outros exemplos de anacolutos:
"Quem ama o feio, bonito lhe parece"
"Crianças, como ter paciência para elas?"
"A velha hipocrisia, recordo-me dela com vergonha."
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