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Existem vários tipos de comemoração que brasileiros “brancos” podem comemorar como forma de se orgulhar de sua identidade. Há várias festas, celebrações, dias, e eventos das comunidades Italiana, Alemã, Portuguesa, Espanhola, Francesa, Russa, Ucraniana, Polonesa, Árabe, Judia, etc.
Nenhuma delas é racista, pois celebram a identidade cultural, as tradições e as contribuições dessas comunidades.
Os negros no Brasil historicamente foram considerados cidadãos de segunda classe (quando não escravos) apesar de serem um dos maiores responsáveis pela construção do Brasil como país, e ter uma mísera data para celebrar sua história é uma ação de justiça histórica.
Quando a pessoa vem com esse mimimi de “quero Dia do Branco”, ela é incapaz de perceber que o Dia da Consciência Negra se refere a algo mais complexo, algo que tem perspectiva sócio-histórica e, claro, política. O 20 de Novembro não é o “Dia da Pele Negra”, mas o dia do povo negro como um todo. Este ignorante não percebe que racismo é um fenômeno que vai muito além da “antipatia” contra alguém com cor da pele diferente, pois a pele negra é só um substrato de uma identidade étnica, cultural e social.
Por exemplo, o próprio conceito de “branco” mudou muito. No século 19 e 20, povos que hoje, por sua cor de pele, são indiscutivelmente considerados “brancos”, como irlandeses, eslavos, judeus, árabes, turcos, espanhóis, e até mesmo italianos, sofriam racismo, eram considerados inferiores aos “brancos” nativos. Hoje já há até quem considere um japonês/chinês/coreano como branco.
No mais, termos como “Consciência Branca” e “Orgulho Branco” possuem conotações racistas subentendidas. Não são movimentos legítimos de identidade cultural, mas apenas formas de reagir ao questionamento de uma estrutura racista – questionamento esse feito pelo movimento negro – como forma de defender essa estrutura. Tanto é verdade que os maiores apoiadores da “Consciência Branca” e do “Orgulho Branco” são justamente racistas assumidos, as vezes neo-nazistas
O Dia da Consciência Negra é um dia dedicado à reflexão e à luta das pessoas negras por igualdade de tratamento. Essa data remete a toda trajetória do povo negro e a forma como estas pessoas foram colocadas à margem da sociedade e privadas de sua dignidade por séculos, desde a diáspora africana. Até hoje, o povo negro, como um todo, sofre com o preconceito e ocupam a base da pirâmide social, devido ao passado violento (decorrente da escravidão) e a omissão de governos durante anos que alimentaram atos de segregação e mostraram-se omissos na proteção dessas pessoas e na garantia de seus direitos, exemplos são o apartheid (na África do Sul), a política de segregação norte americana e a luta de Martin Luther King, a campanha promovida pelo governo brasileiro (com o fim da escravidão) que promovia a vinda de imigrantes europeus para "clarear" a raça e deixava os negros recém libertos entregues a própria sorte. Até hoje, o preconceito permanece enraizado no Brasil, pense bem qual é o padrão de beleza do nosso país, qual tipo de pele e cabelo são considerados bonitos, qual a maior modelo que representa a beleza brasileira no exterior, qual a imagem física que vem a mente quando se pensa em pessoas bem sucedidas (não famosas) etc. O Dia da Consciência Negra serve para colocar em questão todos esses assuntos e ele dá voz a uma minoria (entenda como minoria grupos subjugados).