Respostas
uando dizemos mata e nata, o m e o n são fonemas porque distinguem vocábulos. O fonema é uma classe de sons. Por exemplo, o <r> inicial de <rato> pode soar como um h aspirado, como na palavra inglesa have (ter); pode soar como uma consoante gutural ou velar, semelhante ao ruído que se faz quando se limpa a garganta para escarrar; pode soar com a língua batendo nos alvéolos, como fazem os paulistas, etc. Todas essas pronúncias possíveis do <r> inicial são simbolizadas assim: /r/. Esse símbolo representa todas as pronúncias possíveis do <r>, mesmo as que não descrevemos aqui. O símbolo /r/ representa, portanto, não um som, mas uma classe de sons, que tem a função de distinguir vocábulos. O /r/ inicial é fonema porque distingue os vocábulos rato e pato, por exemplo (o /p/ também é um fonema, porque distingue pato de mato, por exemplo).
Há casos, no entanto, em que dois fonemas diferentes perdem sua função de distinguir vocábulos. Por exemplo: o r simples entre vogais é um fonema, porque distingue o vocábulo caro de carro. Mas, em final de sílaba ou de vocábulo, os dois r, o simples e o múltiplo, deixam de ter função distintiva e podem ser pronunciados um pelo outro. Por exemplo, podemos pronunciar o r de mar seja como uma consoante batida ou flap (r simples) seja como uma velar ou alveolar (r múltiplo). Dizemos então que houve uma neutralização, isto é, os dois r se neutralizaram, perderam sua função distintiva. Temos então o arquifonema, isto é, uma classe de fonemas (assim como o fonema é uma classe de sons, o arquifonema é uma classe de fonemas), que é representado por uma letra maiúscula entre barras: /R/. Da mesma forma, o m e o n, em final de sílaba ou antes de pausa, não distinguem palavras: o m de quem, por exemplo, soa palatal antes de vogal: quem é soa quenhé (por isso não há diferença fônica entre nem um e nenhum ou entre sem hora e senhora, o que torna possível analisar em senhora um ditongo decrescente nasal -?y- [s?y-óra], que existe em nem e em sem); o m de um soa velar, como a nasal do inglês ring, em um amigo (o a é vogal velar); o m de um soa bilabial antes de pote: um pote; o m de um soa n (dental) antes de dote: um dote (o d é consoante dental), etc. etc.