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Embora os EUA sejam similares a outras economias desenvolvidas, em sua propensão às importações, eles vêm sendo singularmente fracos na exportação de bens manufaturados. O culpado tradicional toda vez que os EUA têm problemas com as exportações, é a sobrevalorização do dólar, que recentemente voltou ao foco com o aumento das tensões provocado pela decisão de China de interferir no mercado para manter o yuan em baixa.É verdade que o papel do dólar de moeda de reserva mundial de escolha, tende a dar suporte ao seu valor, afetando as exportações americanas. Mas a National Association of Manufacturers (NAM), grupo que representa os interesses do setor industrial, afirma que o dólar está no momento cerca de 10% abaixo de sua média ponderada por determinada cesta de moedas, em termos reais, em relação às quatro últimas décadas, sugerindo que a taxa de câmbio é no momento a questão mais urgente.
No entanto, para compensar todos os fatores inibidores, a escala do ajuste cambial necessário provavelmente seria proibitiva, por se tornar muito danosa para o resto da economia. Os problemas do setor industrial americano, segundo executivos da área, têm raízes muito profundas.
O primeiro deles é que, tendo o maior mercado nacional do mundo como base principal, as empresas americanas simplesmente estão desacostumadas a vender no mercado internacional. Somente cerca de 1% das companhias americanas exportam, segundo o Departamento do Comércio, número menor do que o de qualquer outra economia desenvolvida. Dessas, apenas 58% vendem para apenas um outro país.
O segundo problema é que os EUA têm sido menos ativos que outros países na assinatura de acordos que facilitem o comércio internacional. Há 262 acordos comerciais firmados no mundo e outros 100 estão sob negociação, segundo a Câmara do Comércio dos Estados Unidos, mas os EUA assinaram apenas 17 e estão no momento envolvidos nas discussões de apenas mais um contrato. As exportações americanas são particularmente afetadas pelas barreiras tarifárias; no ranking dos países exportadores por “tarifas confrontadas” do Fórum Econômico Mundial, os EUA ocupam a oitava posição, de um total de 121.
O terceiro problema para o setor industrial americano é a força de trabalho insuficientemente capacitada e educada. Apesar da alta taxa de desemprego, as companhias norte-americanas começam a ter problemas de falta de capacitação que ameaçam se transformar em círculo vicioso de encolhimento da capacidade. Se permitir à base industrial entrar em decadência, as oportunidades de bons empregos vão diminuir e as indústrias terão que fechar linhas de produção. Ao mesmo tempo, sem produção forte de futuros talentos, as companhias não terão capacidade de 1. buscar novas oportunidades, 2. criar a próxima inovação no setor aeroespacial ou 3. desenvolver novos segmentos de mercado, o que levará a uma maior deterioração da base industrial. São os mesmos argumentos em todo o mundo.
O quarto problema é que na medida em que as economias emergentes adquirem instalações modernas e capacitação, elas são cada vez mais capazes de substituir a produção dos EUA e outros países desenvolvidos. Os fabricantes pretendem conseguir boa parte dos componentes usados por sua companhias em economias de custos baixos como os emergentes.
Entretanto, a questão mais fundamental é que as grandes companhias americanas geralmente querem produzir nos mercados onde elas vão vender seus produtos. Os Estados Unidos são o maior investidor externo do mundo e as empresas americanas ganham muito mais com suas operações externas do que com as exportações. As receitas das subsidiárias estrangeiras de companhias americanas foram de cerca de US$ 5 trilhões em 2008, segundo a Câmara do Comércio, quase três vezes o valor das exportações de bens e serviços dos EUA.