Respostas
Como a sua própria designação aponta, este género centra-se no surgimento ou na prévia existência de um mistério que urge resolver, com particular relevo para a busca da respectiva decifração. Na grande maioria das narrativas integráveis no misterioso, o enigma é quase sempre resultante de (ou associado a) determinada ocorrência insólita que permanece por explicar ou envolta numa teia de secretismo, como a perseguição, o assassinato, o desaparecimento de uma pessoa ou a vingança tenebrosa. Daí, por sua vez, decorre em geral uma acção frequentemente rica em suspense ou, mesmo, atemorizante, ainda que nunca inclua, pelo menos de forma explícita, situações de algum modo conotáveis com o sobrenatural. Ao longo dela, encontrar a solução do enigma pelos mais diversos meios constituirá a preocupação dominante de certas personagens, uma das quais desempenha em regra uma função central no decurso da intriga.
Assim, as realizações possíveis do género estendem-se por um amplo espectro, conforme o teor insólito da acção evocada e a complexidade do que se pretende averiguar. Entre a vasta gama de textos por ele abarcada, contam-se a simples adivinha, o romance policial, o romance de espionagem, o thriller e, mesmo, as narrativas de terror não sobrenatural. Daí, naturalmente, decorrem narrativas com esquemas diegéticos muito diversificados. Surgem, assim, problemas de solução mais ou menos difícil, questões de vida ou de morte envolvendo indivíduos, instituições ou estados, bem como situações em que, por momentos, se tornará admissivel a intervenção de alguma entidade alheia à natureza conhecida. No tocante a estas últimas, o misterioso ronda uma zona imprecisa em que certos textos podem já revelar algumas semelhanças com o género estranho. A fronteira entre as duas classes de narrativas poderá ser delimitada de forma razoavelmente aproximativa mediante comparação entre The Hound of the Baskervilles (1902) de Arthur Conan Doyle e Ten Little Niggers (1939) de Agatha Christie. O primeiro romance, explicando racionalmente, após o climax, a presumível entidade sobrenatural, não deixa quaisquer dúvidas quanto ao facto de se circunscrever ao estranho. O segundo ( cuja acção, apesar da sua índole perturbante, em momento algum aparenta ostensivamente ser invadida por manifestações alheias à natureza ) situa-se numa área algo periférica do misterioso, onde também se integram as narrativas de terror não sobrenatural.
Como a sua própria designação aponta, este gênero centra-se no surgimento ou na prévia existência de um mistério que urge resolver, com particular relevo para a busca da respectiva decifração. Na grande maioria das narrativas integráveis no misterioso, o enigma é quase sempre resultante de (ou associado a) determinada ocorrência insólita que permanece por explicar ou envolta numa teia de secretismo, como a perseguição, o assassinato, o desaparecimento de uma pessoa ou a vingança tenebrosa.