• Matéria: Português
  • Autor: danielanichele
  • Perguntado 9 anos atrás

"Inseguros, empobrecidos, com dificuldade de locomoção, acesso precário à saúde, à educação e a outros serviços. A má qualidade de vida dos idosos brasileiros é uma realidade que pode ser notada diariamente, tanto nas grandes cidades quanto na zona rural." (Coletânea Ética e Sociedade I, 2015, p. 37). A partir do contexto descrito nesse fragmento, qual dos poemas a seguir melhor retrata ou mais se aproxima à situação e ao sentimento de abandono ou solidão sofrido por muitos idosos?


(A)

É bom envelhecer!

Sentir cair o tempo,

magro fio de areia,

numa ampulheta inexistente!

Passam casais jovens

abraçados!...

As árvores

balançam novos ramos!...

E o fio de areia

a cair, a cair, a cair...

(Saúl Dias)


(B)

Todos nasceram velhos ? desconfio.

Em casas mais velhas que a velhice,

em ruas que existiram sempre ? sempre

assim como estão hoje

e não deixarão nunca de estar:

soturnas e paradas e indeléveis

mesmo no desmoronar do Juízo Final.
Os mais velhos têm 100, 200 anos

e lá se perde a conta.

Os mais novos dos novos,

não menos de 50 ? enorm'idade.

[...]

(Carlos Drummond de Andrade)



(C)

Tão velho estou como árvore no inverno,

vulcão sufocado, pássaro sonolento.

Tão velho estou, de pálpebras baixas,

acostumado apenas ao som das músicas,

à forma das letras.


Fere-me a luz das lâmpadas, o grito frenético

dos provisórios dias do mundo:

Mas há um sol eterno, eterno e brando

e uma voz que não me canso, muito longe, de ouvir.


Desculpai-me esta face, que se fez resignada:

já não é a minha, mas a do tempo,

com seus muitos episódios.


Desculpai-me não ser bem eu:

mas um fantasma de tudo.

Recebereis em mim muitos mil anos, é certo,

com suas sombras, porém, suas intermináveis sombras.

Desculpai-me viver ainda:
que os destroços, mesmo os da maior glória,

são na verdade só destroços, destroços.

(Cecília Meireles)


(D)

Velho cego, choravas quando a tua vida

era boa, e tinhas em teus olhos o sol:

mas se tens já o silêncio, o que é que tu esperas,

o que é que esperas, cego, que esperas da dor?


No teu canto pareces um menino que nascera

sem pés para a terra e sem olhos para o mar

como os das bestas que por dentro da noite cega

- sem dia ou crepúsculo - se cansam de esperar.


Porque se conheces o caminho que leva

em dois ou três minutos até à vida nova,

velho cego, que esperas, que podes esperar?


Se pela mais torpe amargura do destino,

animal velho e cego, não sabes o caminho,

eu que tenho dois olhos te posso ensinar.

(Pablo Neruda)



(E)

A vida são deveres que nós trouxemos pra fazer em casa.

Quando se vê já são seis horas;
Quando se vê, já é sexta-feira;

Quando se vê, já terminou o ano;

Quando se vê, passaram-se 50 anos!

E agora, é tarde demais para ser reprovado.

Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade,

Eu nem olhava o relógio.

Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho,

A casca dourada inútil das horas.

[...]

(Mário Quintana)


A partir do contexto descrito no fragmento, qual dos poemas acima melhor retrata ou mais se aproxima à situação e ao sentimento de abandono ou solidão sofrido por muitos idosos?

(A) Saúl Dias
(B) Carlos Drummond de Andrade
(C) Cecília Meireles
(D) Pablo Neruda
(E) Mário Quintana

Respostas

respondido por: souzaarian
2
Acredito que seja o poema C, da Cecília Meireles.
respondido por: Natvit
0

A alternativa é a Letra C)Tão velho estou como árvore no inverno,

vulcão sufocado, pássaro sonolento.

Tão velho estou, de pálpebras baixas,

acostumado apenas ao som das músicas,

à forma das letras.

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