Respostas
As diferentes áreas do conhecimento mostram que são inúmeros os ângulos pelos quais se pode 'olhar' a família, trazendo cada um deles uma contribuição diversa para a sua compreensão. Pode-se pensá-la do ponto de vista psicológico, como se pode analisá-la sob o prisma social, cultural ou segundo a evolução histórica em determinadas sociedades e mesmo a partir das leis que regem a sua formação e dissolução.
Nas colocações de Gomes (1990) a família tem especificidades que a distinguem de qualquer outra instituição e nela se defrontam e se compõem as forças da subjetividade e do social. Portanto, ao assumir a socialização ela levará a criança, comosujeito de aprendizagem social, a interiorizar um mundo mediado, filtrado pela sua forma de se colocar frente a ele; assim, os padrões, valores e normas de conduta do grupo social em que ela está inserida serão transmitidos de modo singular à geração mais nova, que por sua vez irá assimilá-los segundo suas idiossincrasias.
Esta é também a posição de Berger e Luckman (1985) que dentro da tradição do pensamento sociológico afirmam que existe, em especial nos primeiros anos de vida da criança, "uma ampla e consistente introdução sua ... no mundo objetivo da sociedade ou de um setor dela"(p. 175) numa relação dialética em que a geração mais nova interioriza um mundo já posto, que lhe é apresentado com uma configuração definida, de cuja construção ela não participou (Biasoli-Alves, 1995).
Mas há que relativizar, em parte, esse tipo de postura que dá amplos, e quase exclusivos, poderes ao ambiente. Já na década de 1960 Bell (1964,1968) inicia uma reinterpretação dos resultados de pesquisas na área da interação mãe-criança, pondo em evidência o papel que o nenê desempenha como fator de alterações no ambiente familiar, gerando, então, um novo modelo considerado como bidirecional em que a socialização da geração mais nova processa-se porque ela e o social (imediato) atuam um sobre o outro, todo o tempo.