Respostas
O primeiro componente é a revolta, que significa a recusa a ficar instalado e satisfeito; é a tentativa de romper com a ordem estabelecida. Revolta, porque a filosofia está sempre descontente com o mundo tal como ele é. É melhor ser Sócrates descontente do que ser um porco satisfeito. Descontente com as opiniões dominantes. O segundo componente é a lógica, que implica o desejo de uma razão coerente. Ela está imbricada com a revolta porque esta não é puramente instintiva e arbitrária, mas exige uma discussão e a construção racional de argumentos. O terceiro componente é o desejo de universalidade, que denota a recusa do que é particular e fechado. Trata-se de um filosofar que se direciona ao todo do pensamento buscando uma coerência integral do discurso. Isso demonstra que a filosofia [...] não é nacional, mas internacional. Ela quer ultrapassar toda cultura particular, toda tradição. Seu verdadeiro destino não é a sala de conferência, mas a rua, a praça pública, o mundo inteiro. Já no Ménon, Platão mostra que até mesmo um escravo possui as ideias matemáticas. A filosofia se dá para todo o pensamento; ela se dá para o príncipe e para o escravo. Atrelada à universalidade está a aposta, o quarto componente do desejo de filosofia. Isso porque a universalidade não é dada de modo a priori, mas é resultado de uma ruptura com a situação, ou seja, é fruto do engajamento e, por isso, uma aposta que é [...] o gosto pelo encontro e pelo acaso, o engajamento e o risco