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O que normalmente nos interessa são os aspectos da vida de indivíduos, particulares que os levaram a ficar deprimidos ou raivosos o suficiente para cometerem suicídio. Não pensamos nos padrões de relações sociais que podem estimular tais ações.
ÉmileDurkheim, um dos pioneiros da sociologia, demonstrou que o suicídio é mais do que um simples ato individual de desespero, resultante de uma ordem psíquica, como as pessoas acreditavam naquela época. As taxas de suicídio são fortemente influenciadas por forças sociais.
Durkheim construiu seu argumento baseado no exame da associação entre as taxas de suicídio e as taxas de desordem psicológica dediferentes grupos. A ideia de que desordens psicológicas causam suicídio só poderia ser sustentada se as taxas de suicídio fossem altas onde as de desordem psicológica fossem altas e baixas onde as de desordem psicológicas fossem baixas. Contudo, suas análises das estatísticas governamentais não mostraram nada nesse sentido. As desordens psicológicas ocorriam mais frequentemente quando as pessoasatingiam a maturidade, mas as taxas de suicídio aumentavam à medida que a idade dos indivíduos avançava.
As taxas de suicídio e de desordem psicológica não aumentavam e diminuíam juntas. Durkheim argumentou que as taxas de suicídio variam devido às diferenças no grau de solidariedade social, quanto maior o grau de compartilhamento de crenças e valores e quanto mais frequente e intensamente elesinteragem, maior o grau de solidariedade social, mais firmemente ancorados no mundo social estão os indivíduos e menos probabilidade haverá de cometerem suicídio.
Ele, por exemplo, mostrou que adultos casados têm metade das chances de cometerem suicídio em relação a solteiros porque o casamento normalmente cria laços sociais e é um "cimento" moral que liga os indivíduos à sociedade. As mulheres sãomenos propensas a cometer suicídios que os homens, pois geralmente se envolvem mais nas relações sociais íntimas da vida familiar. Os idosos são mais predispostos do que os jovens e os de meia-idade a dar cabo da própria vida quando se deparam com adversidades porque é mais provável que vivam sós, tenham perdido o cônjuge, parte de sua rede de amigos e que não tenham emprego.
Durkheim afirmou: "Osuicídio varia na razão inversa do grau de integração dos grupos sociais de que o indivíduo faz parte”. O porquê de um indivíduo particular dar fim à própria vida: essa é uma questão para a psicologia. A propensão de uma pessoa para o suicídio diminui conforme o grau em que está ancorada à sociedade.
A teoria de Durkheim ajuda a esclarecer o suicídio ainda na atualidade, cinco em cada 100 milbrasileiros cometem suicídio a cada ano. Mas diferentemente da época de Durkheim, o suicídio entre pessoas jovens tem se tornado mais comum nos últimos anos.
De Problemas Pessoais a Estruturas Sociais
Nós vivemos em sociedade e a sociedade também vive em nós. Padrões de relações sociais afetam nossos pensamentos e sentimentos mais íntimos, influenciam nossas ações e ajudam a definir quem nós somos.Um padrão particular de relações sociais refere-se ao nível de solidariedade social.
Os sociólogos chamam os padrões estáveis de relações sociais de estruturas sociais. Uma das principais tarefas do sociólogo é identificar e explicar a conexão existente entre os problemas pessoais dos indivíduos e as estruturas sociais nas quais eles estão inseridos. Normalmente percebemos as coisas segundo onosso próprio ponto de vista e nossas experiências parecem ser exclusivas a cada um de nós.