No livro Através do espelho e o que Alice encontrou por lá, a Rainha Vermelha diz uma frase enigmática: “Pois aqui, como vê, você tem de correr o mais que pode para continuar no mesmo lugar.” Já na Grécia antiga, Zenão de Eleia enunciara uma tese também enigmática, segundo a qual o movimento é ilusório, pois “numa corrida, o corredor mais rápido jamais consegue ultrapassar o mais lento, visto o perseguidor ter de primeiro atingir o ponto de onde partiu o perseguido, de tal forma que o mais lento deve manter sempre a dianteira.” Com base no problema filosófico da ilusão do movimento em Zenão de Eleia, é correto afirmar que seu argumento
a)baseia-se na observação da natureza e de suas transformações, resultando, por essa razão, numa explicação naturalista pautada pelos sentidos.
b)confunde a ordem das coisas materiais (sensível) e a ordem do ser (inteligível), pois avalia o sensível por condições que lhe são estranhas.
c)ilustra a problematização da crença numa verdadeira existência do mundo sensível, à qual se chegaria pelos sentidos.
d)mostra que o corredor mais rápido ultrapassará inevitavelmente o corredor mais lento, pois isso nos apontam as evidências dos sentidos.
e)pressupõe a noção de continuidade entre os instantes, contida no pressuposto da aceleração do movimento entre os corredores.
Respostas
Resposta:
LETRA C (GABARITO CERTO)
Explicação:
C) Ilustra a problematização da crença numa verdadeira existência do mundo sensível, à qual se chegaria pelos sentidos.
É correta a alternativa C, sendo esta uma das (muitas) interpretações possíveis da Filosofia de Zenão, sendo esta uma interpretação que vê Zenão como um crítico de um modo de refletir e representar a natureza, que ele busca levar ao absurdo por meio desta teoria.
Esta forma de argumentar, que hoje conhecemos como reductio ad absurdum (redução ao absurdo) consiste em "levar às últimas consequências" as premissas de um raciocínio.
O que Zenão faz é tentar mostrar que os sentidos, sozinhos, são insuficientes para explicar a realidade (e se ele consegue fazer isto é discutível), pois ao levar o materialismo puro a sério teríamos de conceder que o movimento seria impossível, pois a lógica implicaria que uma série infinita de movimentos teriam de ser realizados antes que se pudesse dar um passo.
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