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Glauco Mattoso desabafa, no Memorial da América Latina, suas revoltas em forma de sonetos. "A poesia é a forma mais concentrada e precisa do que quero expressar nesse momento."
Hoje à noite, ele recita alguns dos sonetos inéditos do livro "Panacéia" (ed. Nanquim), que será lançado ainda este ano, e debate sua produção com o público.
Há seis anos, Mattoso tornou-se cego. Levou cinco anos para voltar a escrever, o que aconteceu no ano passado com uma produção intensa de 300 sonetos publicados em três livros. "A vontade de voltar a escrever ocorreu em sonhos e pesadelos que tive, após trabalhar na tradução de "Furor de Buenos Aires", de Jorge Luis Borges", disse. Os dois escritores têm muito em comum. Além de cegos, foram bibliotecários.
O que viabilizou tecnicamente sua criação foi um software que repete em voz alta o que Mattoso digita em seu computador. "Graças a esse computador falante, tenho autonomia e garantia de que meus textos estão corretos."
Entretanto não é ao escrever que o escritor cria seus poemas. "Componho meus poemas por meio de estímulos e depois os salvo em minha memória como se fosse um arquivo de computador, é algo bem borgiano", diz.
Mattoso quis trabalhar com poesia em vez da prosa porque considera que, com poemas, consegue mais força de expressão. "E é um desafio muito maior."