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Hegel disse que os grandes fatos e personagens da história ocorrem duas vezes, e Marx acrescentou: “a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”. A tragédia de Brumadinho evoca os fantasmas de Mariana e a questão de se a história se repetiu como farsa ou como tragédia. Ou, ainda, como tragicomédia.
Segundo Friedrich Dürrenmatt, o trágico e o cômico são dois lados de uma mesma moeda: um mesmo evento pode ser trágico ou cômico a depender das circunstâncias.
Não há nada de cômico nos eventos de Brumadinho, mas a tragédia pura também já não é mais possível, porque, como explica Dürrenmatt, na tragédia, existem heróis, culpas, clareza e responsabilidades. Mais ainda: para que a tragédia seja possível, é preciso que a audiência seja, previamente, uma comunidade, isto é, que compartilhe valores e princípios comuns. Na Antiguidade, esse senso de comunidade, essa ordem social, possibilitou a tragédia grega.