Respostas
O estudo acerca da dinâmica na formação do sintoma psicossomático,
possibilitou a compreensão de uma estreita relação entre o psíquico e o corpo, que
aparece como cenário deste tipo de sofrimento. Através da abordagem do conceito
de pulsão sem representação e idéia de trauma em Freud, foi possível o contato
com a idéia de um excesso que se expressa no campo somático sem se apresentar
como conseqüência de um conflito, como no caso da histeria. De fato, esta
pesquisa nos viabilizou teorizar sobre uma forma de mal-estar que frequentemente
nos é apresentada em nossa prática, o que nos incentivou a levantar
questionamentos importantes sobre nosso papel enquanto analistas. Desta
maneira, o manejo clínico sob o viés psicanalítico, é desafiado a se reinventar
para atender a este tipo de demanda, onde o caráter simbólico fica esvaziado e o
mal estar aparece sob a forma de um adoecimento orgânico. O trabalho de análise
permeará o pré-consciente do analista, como veículo para desenvolver a
capacidade elaborativa do paciente. Assim, é necessário que o profissional assuma
o papel de suporte, com função de introduzir as palavras que faltam no discurso,
em um processo gradual de construção do psiquismo que se encontra debilitado
de recursos simbólicos.
Partindo desta análise, percebemos na teoria de autores pós-freudianos,
que compõem a linha da psicossomática atual, o destaque oferecido ao trauma na
base da formação deste tipo de doença, principalmente nos estudos de Pierre
Marty. Para o referido autor, este comprometimento patológico surge como
desdobramento de um excesso de excitação no aparelho psíquico, que por não
encontrar vias que levem a simbolização, a descarga é feita pelo soma. Ele
defende uma evolução progressiva de todas as funções em sua organização.
Quando este processo é interrompido, ocorre um movimento contra-evolutivo de
desorganização.
Marty (1993) ressalta que o uso do termo “psicossomático” em referência
a este tipo de patologia, vai de encontro com o dualismo cartesiano e atesta uma
unidade mente-corpo. O estudo da psicossomática busca um esclarecimento da
relação entre estes dois campos na formação de sintomas. De fato, são visíveis os prejuízos físicos determinados por perturbações emocionais. O autor defende que
o processo de formação dos sintomas corporais apresentados por pacientes
somáticos, pode ser ativado pela precariedade no investimento libidinal, diante de
uma limitação do sujeito. Já para MacDougall, trata-se da tentativa de
preservação, através da utilização de recursos defensivos primitivos. De fato,
existem divergências importantes nas propostas teóricas dos referidos autores.
Porém, ambos postulam um significativo prejuízo na capacidade de elaboração
psíquica, desta maneira, as manifestações orgânicas são entendidas como reações
desprovidas de valor simbólico. Assim, eles defendem que este tipo de paciente
apresenta uma vulnerabilidade psicossomática significativa, diferente do sujeito
que apresenta este tipo de sintoma de modo ocasional.
Espero ter ajudado .... :)