Cite os principais centros populacionais do reino de cuxe incluindo a importância de cada cidade e como os egípcios influenciaram a história dos núbios (1952 a.C - 1070 a.C).
Respostas
O Reino de Cuxe (/kʊʃ, kʌʃ/, por vezes citado apenas como Cuxe, e após a transferência da capital para Meroé, como Reino Meroítico ou Reino de Meroé) foi um antigo reino africano situado ao sul de Assuão, entre a primeira e a sexta catarata do rio Nilo, onde hoje se localiza o Sudão.[5][6] Estabelecido após o colapso da Era do Bronze e da desintegração do Novo Império egípcio, tinha como centro a cidade de Napata em sua primeira fase. Após a invasão do Egito pelo rei Cáchita, no século VIII a.C., os reis cuxitas reinaram também como faraós da 25ª dinastia egípcia por um século, até que foram expulsos por Psamético I, em 656 a.C. Durante a Antiguidade Clássica, a capital do Reino de Cuxe foi Meroé. Para os geógrafos gregos antigos, o império meroítico era conhecido como Etiópia. O Reino de Cuxe persistiu até o século IV d.C., quando perdeu força e se desintegrou devido a rebeliões internas.[7][8]
Etimologia e grafia
O nome dado a esta civilização é proveniente do Velho Testamento[9], que registra um personagem bíblico, Cuxe, um dos filhos de Cam que se estabeleceu no nordeste da África. Na Idade Antiga e na Bíblia, uma grande região que abrangia o norte do Sudão, o sul do Egito e partes da Etiópia, Eritreia e Somália era conhecida como Cuxe. Outros estudiosos afirmam que a Cuxe bíblica localizava-se no sul da Arábia.
Em português, o nome do personagem bíblico varia conforme a versão do Velho Testamento. O dicionário Houaiss[10] e a tradução de João Ferreira de Almeida atualizada empregam a forma Cuxe.[11]
O gentílico de Cuxe é cuxita.[12][6][8]
Há uma família de línguas supostamente derivadas dos descendentes de Cuxe, que são por isso chamadas línguas cuxíticas.[13]
Origens
As primeiras sociedades a se desenvolver na área surgiram na Núbia antes da Primeira Dinastia do Egito (r. 3100–2 890 a.C.). Em cerca de 2 500 a.C., os egípcios começaram a avançar na direção sul e é por meio deles que a maior parte das informações sobre Cuxe ficou conhecida. Mas esta expansão foi detida pela queda do Médio Império no Egito. A expansão egípcia recomeçou em aproximadamente em 1 500 a.C., mas desta vez encontrou resistência organizada. Os historiadores não têm certeza se esta resistência foi oferecida por cidades-Estado múltiplas ou por um império unificado, e debatem se o conceito de Estado surgiu ali de modo independente ou se foi tomado do Egito. Os egípcios lograram vencer a resistência e fizeram da região uma colônia sua, durante o reinado de Tutmés I, cujo exército mantinha ali um certo número de fortalezas.
No século XI a.C., disputas internas no Egito permitiram aos nativos derrubar o regime colonial egípcio e instituir um reino independente, governado a partir de Napata.
Napata
Este novo reino, com sede em Napata, foi unificado por Alara no período entre 780 e 755 a.C. Alara era visto pelos seus sucessores como o fundador do reino Cuxita. O reino cresceu em influência e veio a dominar a região meridional egípcia de Elefantina e até mesmo Tebas, no reinado de Cáchita, sucessor de Alara e que logrou no século VIII a.C. forçar Chepenuepet I, meia-irmã de Tacelótis III e "esposa do deus Amom", a adotar Amenirdis I, filha do soberano Cuxita, como sucessora. Com isto, Tebas passou ao controle de facto do reino de Napata. Seu poder chegou ao auge com Piiê, sucessor de Cáchita, que conquistou todo o Egito e fundou a vigésima-quinta dinastia.
Quando os assírios invadiram em 671 a.C., Cuxe tornou-se uma vez mais um Estado independente. O último rei Cuxita a tentar retomar o controle do Egito foi Tantamani, que foi definitivamente derrotado pela Assíria em 664 a.C. Subsequentemente, o poder cuxita sobre o território egípcio declinou e extinguiu-se em 656 a.C., quando Psamético I, fundador da XXVI dinastia, reunificou o Egito. Em 591 a.C., os egípcios invadiram Cuxe - possivelmente porque esta, governada por Aspelta, preparava-se para atacar o Egito - e saquearam e incendiaram Napata.
Meroé
Pirâmides de Meroé, no atual Sudão
Diversos registros arqueológicos mostram que os sucessores de Aspelta transferiram a capital para Meroé, mais ao sul do que Napata. A data exata da mudança não é conhecida, embora alguns historiadores acreditem que o fato ocorreu durante o reinado de Aspelta, como reação à invasão egípcia da Baixa Núbia. Outros estudiosos pensam que a transferência deveu-se à atração do ferro, já que Meroé, ao contrário de Napata, possuía vastas florestas que serviam de combustível para os altos-fornos. A chegada de mercadores gregos na área também sinalizou o fim da dependência Cuxita do comércio ao longo do Nilo, pois agora podia exportar seus produtos via o mar Vermelho e as colônias mercantis gregas ali localizadas.