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A vaidade está na natureza humana. Todos sentem prazer quando, de alguma forma, se distinguem positivamente em relação aos demais. A maioria das pessoas gosta de se sentir bem vestida, bem quista, aprovada e admirada pelo seu grupo social.
O Brasil fomenta bastante a cultura da beleza, por isso se presencia diariamente nos meios de comunicação uma pressão mercadológica por padrões de beleza, na maioria dos casos, possível de ser conquistada por homens e mulheres. O brasileiro tem tendência de valorizar muito a aparência e grande flexibilidade para testar novidades. Isso faz com que o país consolide a cada ano a posição de um dos mercados mais promissores para a indústria cosmética e da beleza.
De acordo com a Associação Internacional de Medicina Estética, há cerca de 6 mil médicos e 4 mil clínicas especializadas em estética atuando em terras brasileiras. E a média anual de procura por médicos com esta especialização tem crescido aproximadamente 25%.
Quando o assunto é cirurgia plástica, o Brasil é considerado o segundo maior mercado do mundo. Conforme números da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o setor movimentou mais de R$ 2 bilhões só em 2008 com o registro de 700 mil intervenções realizadas por cirurgiões membros da Sociedade.
Também nessa área as mulheres ainda são maioria nos consultórios, respondendo por 88% das cirurgias realizadas. Um estudo do Instituto de Pesquisa Datafolha encomendado pela SBCP mostrou que 73% das cirurgias realizadas no País são estéticas e apenas 27% reparadoras ou reconstrutoras.
ESPELHO, ESPELHO MEU
Todas as pessoas querem ser bonitas e ter alguém bonito como parceiro. A indústria da beleza prega que todos podem fazer algo em favor da própria aparência. Trata-se de melhorar aquilo que a natureza concedeu e, assim, enfrentar a estrada da vida com um pouco mais de satisfação.
Entretanto, o bombardeio da indústria da beleza é tamanho que mexe com o psicológico de homens e mulheres, que exacerbam o valor da conquista da aparência ideal ou aceitável pela sociedade, mergulhando numa busca frenética por aceitação, sucesso e felicidade.
Na visão da terapeuta Cássia Rodrigues, isso gera um conflito para as pessoas. “A pressão os faz acreditar que precisam investir no culto ao corpo para serem aceitas pela sociedade. O meio artístico, que é a referência para essa cultura, vive da imagem e ganha muito bem para isso. O que difere bastante da realidade da mulher moderna, que precisa sair para o mercado de trabalho, se desdobrar entre várias funções e ainda lidar com a cobrança interna e externa exigida por esses padrões”.
A mulher é quem mais sofre com essa pressão toda porque, segundo Cássia Rodrigues, é mais detalhista. “A mulher se cobra muito, principalmente após os 30 anos. Se o regime já não funciona, a esperança é uma ‘lipo’. Se as rugas aparecem, é hora de pensar num ‘botox’. Começa então a busca pela manutenção dos 20 anos – o que é irreal. A pessoa precisa se aceitar e buscar sua saúde em primeiro lugar, dizendo não a essa competição toda, que mais tem trazido infelicidade para as pessoas do que satisfação real”.
Para Cássia, a busca pela harmonia estética é lícita se mantida nos padrões mínimos de sensatez e domínio próprio. “Querer estar arrumado, perfumado, bem vestido e sentir-se bem por isso não é errado; fazer disso o foco de sua existência, sua alegria, isso sim, é”.
De acordo com o cirurgião plástico Fábio Zamprogno, alguns pacientes chegam ao consultório com o pensamento fixo no padrão de beleza. Mas aí entra a habilidade do médico para conduzir a situação. “Temos que evitar os exageros e conversar com o paciente, mostrando os riscos e benefícios de uma cirurgia e analisando criteriosamente se realmente existe a necessidade do procedimento”.
Fábio Zamprogno, que tem 22 anos de profissão, reconhece que em muitas situações a cirurgia representa um ganho para a saúde do paciente. “A cirurgia plástica estética é como qualquer outro tipo de tratamento médico. A meu ver, todas devem trazer algum beneficio ao paciente. Temos casos onde o beneficio se reflete na melhora da autoestima, fazendo com que o paciente passe a gostar mais de si mesmo. Uma plástica de face melhora o semblante, fazendo com que o paciente tenha um olhar mais descansado e descontraído. Isso, certamente, ajudará no seu convívio social”.