O objetivo da atividade é uma reflexão crítica sobre as possibilidades da Ética no mundo contemporâneo. Para tanto, selecionamos um trecho da obra de Nietszche (que segue abaixo) e utilizamos o filósofo para nos servir de ponto de partida para a reflexão.
O problema a ser pensado: Como sabemos, Nietszche critica duramente a reflexão ética e principalmente os fundamentos de uma ética cristã ou cristã-ocidental, que ele chama de “moral de rebanho”. Segundo o autor, essa moral é própria daqueles que perderam a vontade de potência, uma moral de vencidos que transformam seus aspectos mais repugnantes em supostas virtudes. A partir dessas provocações de Nietszche, construa um texto que procure responder: (1) é possível ainda fazer a defesa de valores éticos que tenham como objetivo o interesse coletivo, como a felicidade ou eudaimonia, de Aristóteles?; e (2) o individualismo crescente e a ideologia do mérito pessoal tão presentes na prática e nos discursos dos nossos dias não dariam razão a Nietszche?
“[...] a impotência que não acerta contas é mudada em ‘bondade’; a baixeza medrosa, em ‘humildade’; a submissão àqueles que se odeia em ‘obediência’ (há alguém que dizem impor esta submissão — chamam-no Deus). O que há de inofensivo, fraco, a própria covardia na qual é pródigo, seu aguardar-na-porta, seu inevitável ter-de-esperar, recebe aqui o bom nome de ‘paciência’, chama-se também a virtude; o não-poder-vingar-se chama-se não-querer-vingar-se, talvez mesmo perdão (‘pois eles não sabem o que fazem — somente nós sabemos o que eles fazem!’). Falam também do ‘amor aos inimigos’ — e suam ao falar disso.”(NIETSZCHE, Friedrich. Genealogia da moral: uma polêmica. São Paulo: Cia. das Letras, 1998, p. 37).
Respostas
Podemos abordar as provocações de Nietszche de maneira clara e objetiva, primeiramente confirmando que sim, (1) é possível ainda fazer a defesa de valores éticos que tenham como objetivo o interesse coletivo.
Esses valores podem ser manifestados na busca por uma sociedade equânime, isto é, que proporcione um ambiente sadio para que cada indivíduo busque sua própria felicidade.
Em (2), o individualismo crescente e a ideologia do mérito pessoal tão presentes na prática não necessariamente comprovam a tese de Nietszche, visto que existe uma diferença gigantesca entre a busca por um padrão de felicidade que não respeite as diferenças e a busca por uma sociedade que proporcione condições para que cada indivíduo se desenvolva nela, assim buscando seus objetivos e sonhos.
Por fim, as críticas de Nietszche não deixam de ser válidas; o individualismo é um fenômeno que sempre existiu e impor uma realidade ou modelo a todas as pessoas não é racional; o fim da moral desde a Grécia Antiga não é estabelecer dominância dos grupos, é estabelecer um meio propício ao desenvolvimento individual em cada grupo.
Abraços!