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Mitologia é um conceito criado após o surgimento da Filosofia. Na antiguidade grega, antes da Filosofia, a mitologia era o modo narrativo que os gregos usavam para explicar o por quê dos fenômenos (aquilo que aparece às sensações). Havia narrativa para explicar praticamente tudo. Este poder explicativo estava vinculado a outro fator muito importante e muito caro aos gregos: a crença de que as narrativas tinham de fato acontecido do modo como descrito na narração; não havia dúvidas e nem porque duvidar. Como as narrativas falavam sempre de um mundo sobrenatural, ou seja, um mundo que transcendia a natureza das coisas visíveis, havia uma interação inquestionável e indubitável entre homens, natureza e deuses. Os deuses eram vistos, principalmente, por sua caracterísitica que os diferenciavam dos homens, a imortalidade. Os homens chamavam-se, entre si, de mortais, justamente porque eram diferentes dos deuses. Os mitos referiam-se à origens de um fato ou de um estado de coisas, por exemplo, ao nascimento, à morte, ao clima, à guerra, a uma relação entre homens ou entre homens e natureza. O mito, portanto, explicava como algo veio a ser como é. A comprovação inquestionável do mito se dá pelo fato das coisas serem como são, por exemplo, o mito da morte é comprovado pela existência da morte. Como a narrativa era uma história sagrada, não havia preocupação em querer saber porque os deuses agiram como agiram, simplesmente havia aceitação tácita que era a crença, ou seja, as coisas aconteceram como aconteram e ponto final.
As narrativas mitológicas chegaram aos gregos pela oralidade vindas de tempos imemoriais. De tempos em tempos os mitos eram rememorados. Nestas épocas ou momentos, os gregos reatualizavam suas crenças, e delas tiravam suas forças e energias para continuarem a viver, trabalhar e lutar. É importante observar que o foco de suas preocupações em momentos de crise ou conflitos estava vinculada ao passado mitológico. A ênfase estava, portanto, no presente alimentado pelo passado.