Respostas
As rotas romanas da Índia beneficiaram da tecnologia marítima desenvolvida pela potência comercial do Reino de Axum (c. 400 a.C. a 1000 d.C.), pioneira na rota do Mar Vermelho antes do século I. Roma viria a relacionar-se com esta civilização em c. 30 a.C., partilhando o conhecimento até meados do século VII, quando os muçulmanos bloquearam as rotas terrestres de caravanas através do Egipto e do Suez, impedindo o acesso dos mercadores europeus a Axum e à Índia. Finalmente, os mercadores árabes assumiram o transporte de mercadorias para a Europa, através do Levante e dos comerciantes venezianos, até que, em 1453, a queda de Constantinopla provocou novo bloqueio da rota de comércio - agora, pelos turcos otomanos - o que aumentaria o custo já elevado das especiarias.
Um mercador de Lisboa descreve a rota das especiarias, antes da descoberta do caminho marítimo para a Índia:
«Desta terra de Calecute vai a especiaria que se come em Portugal e em todas as províncias do Mundo; vão também desta cidade muitas pedras preciosas de toda a sorte. Aqui carregam as naus de Meca a especiaria e a levam a uma cidade que está em Meca que se chama Judeia. E pagam ao grande sultão o seu direito. E dali a tornam a carregar em outras naus mais pequenas e a levam pelo Mar Ruivo a um lugar que está junto com Santa Catarina do Monte Sinai que se chama Tunis e também aqui pagam outro direito. Aqui carregam os mercadores esta especiaria em camelos alugados a quatro cruzados cada camelo e a levam ao Cairo em dez dias; e aqui pagam outro direito. E neste caminho para o Cairo muitas vezes os salteiam os ladrões que há naquela terra, os quais são alarves e outros.
«Aqui tornam a carregá-la outra vez em umas naus, que andam num rio que se chama o Nilo, que vem da terra do Preste João, da Índia Baixa; e vão por este rio dois dias, até que chegam a um lugar que se chama Roxete; e aqui pagam outro direito. E tornam outra vez a carregá-la em camelos e a levam, em uma jornada, a uma cidade que se chama Alexandria, a qual é porto de mar. A esta cidade de Alexandria vêm as galés de Veneza e de Génova buscar esta especiaria, da qual se acha que há o grande sultão 600 000 cruzados; dos quais dá, em cada ano, a um rei que se chama Cidadim 100 000 para que faça guerra ao Preste João."
Então, a Espanha não descobriu rota alguma às Índias. Portugal o fez. Portugal apostou num caminho contornando a África (antes da Espanha) e, passando pelo cabo da boa esperança (atual África do Sul), o que foi o mais difícil, terminou de contornar até as Índias.
Já a Espanha apostou, com Colombo, num outro caminho, apostou que a terra era redonda e que se podia dar a volta pelo outro lado. No fim, acabaram descobrindo a América (no começo, pensaram que fosse algum confim da Ásia - Índias) e se focaram nessa região (porque acharam ouro), quase ignorando o Leste.
O tratado de Tordesilhas confirma isso: o Oeste pra Espanha, o Leste para portugal (ele não valia apenas para a América, como se pensa comumente).
E quanto ao "descobrimento" do Brasil, não teve nada de acidental (nossa, dá-lhe vento para arrastar uma caravelha por milhares de quilômetros, ein!). Já se sabia (ou no mínimo suspeitava mormente, dadas as descobertas de Colombo) de terras onde fica o Brasil. Cabral meramente veio para "oficializar" as terras e a posse.
Ele era nobre e se requeria um para tanto. Acredita-se (com evidências) que já tenham vindo antes, como primeira exploração.