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Governo Campos Sales (1898-1902)
O ex-governador Manuel Ferraz de Campos Sales substituiu Prudente de Moraes na presidência da República. Seu governo consolidou os interesses das oligarquias rurais, sobretudo dos cafeicultores paulistas.
Quando assumiu o governo federal, Campos Sales herdou uma grave crise econômica que prejudicava o país. A inflação atingia níveis insuportáveis, a moeda brasileira se desvalorizava a cada dia, enquanto nosso principal produto de exportação, o café, atravessava uma fase de superprodução interna e baixos preços no mercado mundial.
A política econômica de Campos Sales
O enfrentamento da crise econômica foi o alvo principal das medidas do governo de Campos Sales. Começou com a renegociação da dívida externa do país, com os credores ingleses. Os banqueiros britânicos fizeram um novo acordo financeiro com o Brasil chamado de funding loan.
Por esse acordo, os banqueiros fizeram um vultoso empréstimo de cerca de 10 milhões de libras ao Brasil e aceitaram uma moratória, isto é, a suspensão temporária do pagamento dos juros e da dívida externa. Como garantia do acordo, os banqueiros fizeram algumas exigências ao governo brasileiro, que as aceitou.
Essas garantias determinavam que, se o acordo não fosse honrado pelo governo brasileiro, os credores ingleses tinham direito a toda a renda das alfândegas do Rio de Janeiro e de outros Estados caso fosse necessário, às receitas da Estrada de Ferro Central do Brasil e do serviço de abastecimento de água do Rio de Janeiro.
Os credores exigiram também que o governo brasileiro combatesse a inflação e adotasse medidas no sentido de valorização da moeda nacional. O ministro da Fazenda, Joaquim Murtinho se encarregou dessa política econômica. Reduziu drasticamente as despesas do governo, ao suspender a construção de obras públicas e investimentos no setor industrial, além de aumentar e criar novos impostos. Os salários dos trabalhadores também tiveram de ser drasticamente contidos.
Defesa dos interesses agrários
Ao adotar todas essas medidas econômicas, Campos Sales pretendia que o país se especializasse como produtor e exportador de mercadorias agrícolas: café, borracha, algodão, minério, cacau, erva-mate etc. Era a defesa da tese de que a vocação do Brasil era ser um país agro-exportador. Essa idéia agradava as grandes potências industriais que tinham a oportunidade de continuar a vender ao Brasil produtos manufaturados.
A política econômica posta em prática pelo ministro Joaquim Murtinho, gerou enormes problemas sociais, pois a indústria parou de crescer e, com isso, o desemprego aumentou, enquanto o custo de vida tornou-se insuportável para a população de assalariados. Contudo, o compromisso do governo de Campos Sales era com as elites dominantes do país.
Estabilidade política
Mas, mesmo sendo um representante da elite mais influente do país, ou seja, os cafeicultores paulistas, foi necessário ao presidente Campos Sales adotar algumas medidas políticas para assegurar esses interesses. Foi com esse objetivo que se criou a chamada Política dos Governadores, por meio da qual foi possível obter a estabilidade política.
Antes disso, esta era permanentemente comprometida em razão da existência de divergências de interesses entre as oligarquias agrárias e do sistema federativo republicano vigente. Campos Sales saiu-se vitorioso neste empreendimento, e ainda conseguiu que o candidato por ele indicado para sucedê-lo no governo, o paulista Rodrigues Alves, vencesse as eleições presidenciais.