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Nietzsche viu a mera busca da felicidade, aqui definida como aquilo que dá prazer, como um desperdício sem graça da vida humana. Declarando: “ A humanidade não se esforça para a felicidade; apenas o inglês o faz”, fazendo referência a filosofia inglesa do utilitarismo, e seu foco na felicidade total. Uma filosofia que ele rejeitou com a sua parábola do “Último homem“, um ser patético que vive num tempo em que a humanidade “inventou a felicidade“.
Os últimos homens? Na mente de Nietzsche eram felizes, mas sem brilho.
Nietzsche estava dedicado à ideia de encontrar sentido na vida. Ele sugeriu o Ubermensch (O Superhomem ou Além do Homem), e sua criação de sentido na vida, como uma alternativa para o último homem, e ofereceu-nos a ideia de pessoas que estavam dispostas a empreenderem um grande sofrimento em nome de um objetivo que eles criaram, como exemplos. Podemos imaginar que Michelangelo achou agradável pintar do teto da Capela Sistina? Nikola Tesla declarou que seu celibato era necessário para o seu trabalho, mas queixou-se de sua solidão toda a sua vida.
Essa é a felicidade? Se essas grandes mentes quisessem felicidade em si mesma, teriam feito o que fizeram?
Não, diz Nietzsche. Em vez disso, eles escolheram perseguir significado, e encontraram. Isto é o que as pessoas realmente querem.
A Psicologia muitas vezes concorda. O psicólogo Victor Frankl sugeriu que a chave para a boa vida é encontrar significado, indo tão longe a ponto de sugerir significados positivos para o sofrimento de seus pacientes para ajudá-los a seguir em frente. Suas ideias, publicadas no best-seller Em Busca de Sentido, foram inspiradas por seu tempo em um campo de concentração e suas notas sobre como as pessoas que sofrem horrores inimagináveis foram capazes de continuar através do significado, ao invés da felicidade.
Explicação:Há também uma questão de matemática utilitarista aqui para Nietzsche. Em sua mente, aqueles que fazem grandes coisas sofrem muito. Aqueles que fazem coisas pequenas sofrem trivialmente. Nesse caso, se alguém tentasse fazer cálculos utilitários, seria difícil, se não impossível, encontrar um cenário onde a felicidade líquida é muito grande. É por isso que o último homem é tão maçante; as únicas coisas que lhe concedem um grande retorno líquido de felicidade são assuntos bastante maçantes, e não as atividades indutoras de sofrimento que iríamos achar interessantes.
Este problema é chamado de “o paradoxo da felicidade”. Atividades que são feitas para aumentar diretamente o prazer não são suscetíveis de ter um alto retorno. Nietzsche compreendeu este problema e deu voz quando ele disse que “A alegria acompanha, a alegria não se move”. Uma pessoa que gosta de colecionar selos não faz porque isso a faz feliz, mas porque ela acha interessante. A felicidade é um efeito colateral. Uma pessoa que sofre por anos fazendo uma obra-prima não é feita feliz por ela, mas encontra alegria na beleza criada após o fato.
Claro, há oposição à ideia de Nietzsche. O grande pensador Inglês Bertrand Russell condena Nietzsche em sua obra A História da Filosofia Ocidental (adquira aqui). A maior entre suas críticas à Nietzsche é que ele viu como uma brutalidade e abertura ao sofrimento, e ele comparou as ideias de Nietzsche contra as do compassivo Buda, visando Nietzsche gritando:
“Por que ir a chatear porque as pessoas triviais sofrem? Ou, porque grandes homens sofrem? As pessoas triviais sofrem de forma trivial, os grandes homens sofrem muito, e grandes sofrimentos não devem ser arrependidos, porque são nobres. Seu ideal é puramente negativo, ausência de sofrimento, que pode ser completamente garantida pela inexistência. Eu, por outro lado, tenho ideais positivos: admiro Alcibíades, o imperador Frederico II e Napoleão. Por causa de tais homens, qualquer miséria vale a pena”.
Russell, cujas interpretações de Nietzsche eram menos do que precisas e que sofria de ter más traduções para trabalhar, viu sua filosofia como o trampolim para o fascismo, e como sendo focada na dor.
Então, enquanto você pode valorizar algo acima de felicidade, o quanto você está disposto a sofrer para obtê-lo? Nietzsche argumenta que você vai desistir de tudo por um valor maior. Outros ainda discordam. Você é mesmo capaz de buscar a felicidade e recebê-la? Ou Nietzsche está correto que você deve se concentrar em outros lugares, em significado, a fim mesmo de esperar a satisfação mais tarde?
Quando falamos de felicidade em Nietzsche alguns conceitos nietzscheanos devem ser explicados.
- o eterno retorno, em Nietzsche é o símbolo da aceitação da vida, mesmo em todos os seus aspectos de sofrimento e dor. O eterno retorno é a hipótese de um sonho em que nossa vida se repete eternamente em cada detalhe. Para Nietzsche, a aceitação deste ciclo é parte essencial do encontro do homem com o sentido de sua vida.
- Tal aceitação pode ser caracteriza pelo amor fati: amar o necessário, aceitar este mundo e amá-lo. O homem descobre que a essência do mundo é a vontade, vê que o mundo é eterno retorno e se reconcilia voluntariamente com ele.
- Essa aceitação da vida, do eterno retorno dela, que é o amor fati, não é a aceitação do homem. A mensagem fundamental de Zaratustra é a pregação do super-homem: “o super-homem é o sentido da terra! Que a vossa vontade eproclame: que o super-homem seja o sentido da terra! Eu vos conclamo, meus imrãos, permanecei fiéis à terra e não acrediteis naqueles que vos falam de esperanças sobrenaturais! Outrora, o delito contra Deus era o maior dos malefícios, mas Deus está morto (...) "
- como ética, Nietzsche propõe, portanto, o grande estilo (há um paradoxo em tentar encontrar uma moral em Nietzsche, já que ele detesta a moral tradicional). O grande estilo é a conciliação de forças ativas com as reativas: as forças vitais são, enfim, harmonizadas e hierarquizadas. A vida boa é a vida mais intensa porque a mais harmônica.
- A vida mais intensa é a que obedece a vontade de poder. A vontade de poder não é querer um lugar importante e poderoso para mandar e desmandar; é desejo profundo de uma intensidade máxima de vida. Vontade de vontade. Uma vida como a de um campeão, de um artista: sem esforço laborioso, sem desperidico de energias.
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