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nos nossos tempos atuais as crianças são muito acostumadas a estarem sempre conectadas a internet pelos adultos, as vezes sem que eles percebam
Paulo Freire, conhecido educador brasileiro, cunhou o termo “educação bancária” para exemplificar a metodologia educacional tradicional nas instituições de ensino. Sendo assim, o modelo de reprodução e memorização de conhecimento centrado no professor é, segundo o pensador, alienante. Dessa forma, é possível perceber que a falta de incentivo à leitura na infância se relaciona com o formato educacional do Brasil que não estimula o senso crítico.
De acordo com o indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf) três entre cada dez brasileiros têm limitação para ler, interpretar textos, identificar ironia e fazer operações matemáticas em situações da vida cotidiana. Essa dado é importante, pois, ao se levar em consideração que 30% dos brasileiros escolarizados são analfabetos funcionais, percebe-se que a organização conservadora nas escolas possui falhas à décadas. Nesse sentido, o fato dos infantos brasileiros não serem estimulados de forma a se tornarem futuros indivíduos críticos, já resulta em adultos com poucas habilidades no uso funcional da língua. Todavia, apesar de antigo, o problema da falta de incentivo à leitura na infância vem sofrendo manutenção.
A atual era de comunicação instantânea pautada na internet minguou ainda mais o padrão de leitura das crianças brasileiras. Se antes elas já liam poucos livros, atualmente sites de compartilhamento de vídeos, como o “Youtube”, são os preferidos dessas que sempre escolheram mídias visuais para entretenimento, a televisão antigamente, por exemplo, no lugar dos livros. A falta de exemplos de leitores adultos nas famílias, o pouco estímulo ao senso crítico nas escolas e a maior comodidade das atuais tecnologias, resultam em crianças com preguiça de ler. Em pesquisa realizada pelo Ibope Inteligência, para a Fundação Pró-livro, constatou-se que o índice de leitura apresentou queda em todas as faixas etárias de crianças e adolescentes entre os anos de 2007 e 2011.
Percebe-se, por conseguinte, que o estímulo de leitura na infância passa pelos adultos através dos exemplos. As prefeituras devem investir recursos financeiros na criação de circuitos culturais que utilizem os espaços públicos das escolas e universidades, com o intuito de potencializar o hábito de ler na comunidade. Uma forma de torna essa ideia viável é juntar os servidores públicos e professores da rede de ensino privada em um projeto municipal que se espelhe em eventos como a FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty) e que envolva os alunos, e suas famílias, não só na visitação do evento, mas também na pesquisa e montagem de estandes sobre obras literárias importantes para o cenário cultural nacional, por exemplo. Por fim, com um grupo de jovens e adultos mais interessados no universo literário, maior será o número de crianças afetadas positivamente pela mudança dessa problemática.