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Resposta:
Explicação:
O modelo biomédico de prestação de cuidados, qualquer que seja a natureza da organização em que são prestados, não estando esgotado, encontra-se particularmente vulnerável às restrições orçamentais, desde os anos setenta do século passado, em consequência da variação dos seus custos serem sistematicamente superiores às variações do PIB. Essa é uma razão para a crise do modelo biomédico. Porém, o que melhor explica as limitações da sua eficácia são as alterações que se verificaram no padrão epidemiológico da doença a partir da segunda metade do século xx. Se é verdade que os gloriosos 30 anos a seguir à Segunda Guerra Mundial foram os principais responsáveis pela construção do modelo social europeu, é no ocaso deste período, em Abril de 1974, que é publicado pelo então ministro da saúde do Canadá, Marc Lalond, o estudo que ficará a servir de referência para todas as políticas de saúde, antecedendo em quatro anos a Conferência de Alma-Ata sobre os cuidados de saúde primários. De facto, A New Perspective on the Health of Canadians 1, representou para as futuras políticas de saúde o que De Humana Corpis Fabrica representou no século xvi para a medicina escolástica. Ambos, Vesálio e Lalond, procedem a um corte epistemológico nos saberes e nos modelos de prestação de cuidados. Vesálio inaugura a era do conhecimento médico baseado na evidência anatómica, a que se lhe seguem as contribuições do anatomopatologista Morgagni e dos histologistas Bichat e Laennec, e Lalond dirige a sua atenção para a relevância da promoção da saúde no aumento da esperança de vida sem incapacidade ou doença