Respostas
Resposta:Com a intenção de desmistificar um período que com frequência é mais alvo de disputas ideológicas do que historiografia honesta, pensei em escrever um pouco sobre um dos aspectos mais controversos da sociedade medieval: a vida do homem comum. Ao fazer isso,não tenho intenção alguma de apresentar o período como um paraíso na terra ou uma sociedade modelo, muito menos de a mostrar como o exemplo perfeito de sociedade miserável e opressora, mas simplesmente apresentá-la como realmente era: uma sociedade que tinha os seus males -e alguns grandes,mas também os seus pontos positivos, como qualquer outra, longe de ser o inferno na terra que alguns tentam pintar. Considerando que o assunto como um todo é muito grande e a paciência - tanto minha como dos meus leitores - é finita, decidi abordar apenas o período feudal ,pós carolíngio, e dividi-lo em duas partes:
dia-a-dia (rotina de trabalho, dieta, vida familiar e lazer) e direitos e deveres (taxas, leis, deveres feudais e direito à proteção e propriedade no regime feudal)
Numa pequena aldeia no interior da Europa Ocidental o sol nascia. Logo os trabalhadores estariam se levantando: você tomaria um café da manhã simples,: cerveja rala (pois a água tinha qualidade um tanto duvidosa em muitos lugares devido à falta de saneamento,embora tomar água e/ou suco fosse possível em alguns lugares) ou leite junto com pão de centeio (pão negro pouco processado e feito de vários grãos, similar ao pão integral), mingau e possivelmente ovo, linguiça ou toicinho em certas vezes na semana. Você iria para os campos com a sua túnica e meia-calça para trabalhar, seja nas terras comunitárias que ficavam próximas da vila ou nas suas próprias terras. Caso você fosse um servo, você trabalharia três dias na semana nas terras do seu senhor, em casos onde a produção estava crítica, você trabalharia quatro dias
Explicação:Chegando lá, você enfrentaria a rotina de qualquer fazendeiro em qualquer parte do mundo: arar a terra, plantar as sementes, adubar e aguar as plantações, rezando para que um desastre natural não estragasse a colheita e você tivesse que gastar a sua prata suada comprando comida. Perto do meio-dia haveria uma pausa para o "jantar", que incluiria a onipresente cerveja rala ou leite, nos lugares mais limpos água e/ou suco, pão de centeio (que formava a base da dieta do aldeão da época), talvez um pedaço de queijo e possivelmente um pedaço de peixe ou enguia (fresco ou,mais provavelmente,à salmoura), caso você morasse perto do mar, de lagos ou de rios. Caso não morasse, sua refeição poderia incluir carne de ovelha, de frango, de pato ou de vaca (também provavelmente salgada, sendo similar à nossa carne de sol), carne de lebres também era consumida, de vez em quando até de pombos silvestres ou criados em cativeiro; carne vermelha não era consumida às sextas feiras. Guisados e legumes eram muito comuns. Depois da pausa do almoço você voltaria ao trabalho e continuaria até um pouco antes do pôr do sol, quando você voltaria para casa onde cearia uma refeição similar ao almoço,mas maior. De noite, você passaria tempo com a sua família numa casa de madeira e palha com uma fogueira pequena no centro e móveis simples; ou uma casa de alvenaria com partes de madeira e móveis mais complexos, se fosse mais rico; você provavelmente teria se casado bem cedo, tido filhos cedo e iria ter vários filhos e morrer casado com a mesma mulher (embora existisse uma espécie de divórcio na época). Você contaria histórias aos seus filhos, entalharia alguma coisa em madeira, conversaria no cômodo central e iria dormir numa cama com estofamento de palha ou numa espécie de saco de dormir primitivo num dos cantos da casa. Durante os domingos você tiraria folga e iria à igreja assistir a missa