Respostas
As grandes navegações foram empreendimentos extremamente caros, complicados, que exigiram grande organização, empenho, desenvolvimento técnico, dentre outros fatores. Seria equivalente a irmos a Marte na atualidade. Vê-se, assim, ser necessário uma forte conexão entre poder, religião e economia para atingir esse objetivo.
Nesse sentido, analisemos o papel e a importância dos integrantes dos diferentes grupos sociais de Portugal à época:
a) Para a família real de Portugal: aumentar o território do país, enriquecer com o dinheiro obtido através dos impostos cobrados, fortalecer e diminuir os conflitos internos por meio de ganhos externos;
b) Para os comerciantes (burguesia) : a principal razão das grandes navegações eram os lucros astronômicos obtido com a venda das especiarias, que chegavam a gerar mais de 6.000% de lucro, compensando o investimento e o risco das grandes navegações;
c) Para a Igreja: expandir a fé cristã e obter mais dinheiro, através angariadas através das doações;
d) Para a nobreza (descendentes dos antigos senhores feudais): a corte real (que não faziam nada) estava interessada em receber os recursos de impostos e outras fontes, pois dependiam desse dinheiro; os nobres menos privilegiados (que não recebiam rendas do governo) desejavam obter dinheiro ao trabalharem na administração e nos empreendimentos das grandes navegações.
e) Para os ciganos, os judeus, os camponeses, os cristãos-novos, e outras pessoas de menos posses: as grandes navegações representavam a oportunidade de enriquecer, seja através do trabalho nos navios, seja através da colonização dos territórios em si, por meio das oportunidades econômicas abertas.
Os navegantes e empreendedores portugueses ao empreender essas grandes navegações desejavam comprar ou obter produtos orientais (cravo, pimenta, seda, dentre outros) diretamente das regiões produtoras, sem os árabes e os italianos enquanto intermediários, razão pela qual dar a volta no continente africano para chegar às Índias Orientais e à China valia a pena, pois se podia comprá-las a um preço bem baixo e conseguir vendê-las com uma margem de lucro de até 6.000%, como o obtido pelo navegante Vasco da Gama.
Ou seja, os navegantes portugueses desejavam o que ainda hoje se quer: dinheiro e poder, sendo a maneira de obtê-los através da navegação no mar, seja através do comércio, da pilhagem (como a de Ceuta, na África), da obtenção de metais e pedras preciosas, dentre outras produtos.
Assim, prevaleceu a análise econômica de John Evelyn, realizada ainda no século XVI,
"Quem controla o Oceano, controla o comércio do Mundo; quem controla o comércio do Mundo, controla a riqueza do Mundo; quem controla a riqueza do Mundo, controla o próprio Mundo".