Respostas
A cidadania é muito discutida no âmbito individual do “ser cidadão”: é relacionada com “fazer sua parte”, defender o meio ambiente, ser solidário e amigo e não passar por cima do direito alheio. Mas e a parte política da cidadania, que não é ensinada nas escolas e que depende de um impulso do cidadão de se politizar e ser ativo socialmente nesse sentido?
As manifestações populares no Brasil, em 2013, demonstram que muitos cansaram de se omitir politicamente e decidiram ir às ruas e mostrar que se importam, sim, com o rumo que o país tem tomado em suas decisões políticas. Entretanto, nem todos tem o cuidado de analisar os discursos políticos veiculados nas redes sociais e na mídia em relação a essa movimentação, e muitos são cooptados por uma tentativa esvaziada das chances de dar certo, quando levanta bandeiras genéricas e ineficazes “contra a corrupção” ou “a favor da educação”. Esse tipo de exigência é inofensivo politicamente porque não apresenta possíveis soluções e desconsidera o fato de que a corrupção, e a educação como produto de mercado, são consequências de um sistema político-econômico global que nós cooperamos para que exista o tempo todo, mesmo quando não o revolucionamos.
Da mesma maneira, em um âmbito particular, nossas atitudes são sempre voltadas para defender a si mesmo ou aos nossos entes queridos de uma maneira geral, sem conseguir ver uma esfera coletiva de cooperação que poderia gerar resultados também coletivos, e que fizesse com que o mercado de trabalho não fosse “matar 5 leões por dia” como diz o ditado popular; geralmente, esses leões que matamos são as outras pessoas, de forma indireta.