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Sobre a transformação moral, é importantíssimo o ensinamento contido em O Evangelho segundo o Espiritismo (ed. FEB, 2013, cap. XVII, item 4): Aquele que pode ser, com razão, qualificado de espírita verdadeiro e sincero, se acha em grau superior de adiantamento moral. O Espírito, que nele domina de modo mais completo a matéria, dá-lhe uma percepção mais clara do futuro; os princípios da Doutrina lhe fazem vibrar fibras que nos outros se conservam inertes. Em suma: é tocado no coração, pelo que inabalável se lhe torna a fé. Um é qual músico que alguns acordes bastam para comover, ao passo que outro apenas ouve sons. Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más. Enquanto um se contenta com o seu horizonte limitado, outro, que apreende alguma coisa melhor, se esforça por desligar-se dele e sempre o consegue, se tem firme a vontade.
Cremos que essa notável e valiosa orientação sirva para qualquer pessoa, espírita ou não.
A análise cuidadosa do trecho transcrito indica que o verdadeiro espírita não é perfeito [o que não é nenhuma novidade, uma vez que na Terra prevalecem o mal e a imperfeição, ainda], não é santo, não alcançou a angelitude, não é o dono da verdade, não é superior a quem quer que seja, mas, sim, é aquele que faz esforços continuados para domar suas más inclinações, de passado recente ou remoto, a fim de tornar-se melhor a cada dia.
E pode tornar-se melhor a cada dia quem [independentemente de ser espírita ou não] opta pelo Bem sempre, sem qualquer hesitação, pois comprovadamente é a melhor opção, seja qual for a circunstância, seja qual for a situação; procura ser útil onde quer que se encontre, e cada vez mais útil; procura fazer a parte que lhe cabe, com esforço, dedicação, zelo e competência; procura agir com ética, com correção de conduta, sem causar dano ou prejuízo a outrem; busca o seu aperfeiçoamento pessoal, de modo contínuo e permanente, esforçando-se por se aprimorar intelectual e moralmente; procura esclarecer-se pelo estudo, pessoal ou em grupo, e por profunda reflexão.
A propósito, vale reproduzir o item 629 de O Livro dos Espíritos (ed. FEB, 1974), a obra fundamental do Espiritismo: Que definição se pode dar da moral?
A moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal. Funda-se na observância da Lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a Lei de Deus.
A este propósito, interessante destacar o parágrafo do excelente livro O Evangelho segundo o Espiritismo [ótimo para ser lido e consultado em todas as ocasiões, particularmente naquelas em que estivermos em dúvida, com medo, desorientados ou aflitos]: A inteligência é rica de méritos para o futuro, mas, sob a condição de ser bem empregada. Se todos os homens que a possuem dela se servissem de conformidade com a vontade de Deus, fácil seria, para os Espíritos, a tarefa de fazer que a Humanidade avance. Infelizmente, muitos a tornam instrumento de orgulho e de perdição contra si mesmos. O homem abusa da inteligência como de todas as suas outras faculdades e, no entanto, não lhe faltam ensinamentos que o advirtam de que uma poderosa mão pode retirar o que lhe concedeu.