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Explicação:
“O mundo será melhor se a riqueza usada
para atacar terroristas escondidos nas montanhas
do Afeganistão for usada também para atacar
a miséria nas savanas africanas”
Cristovam Buarque – Professor da UnB
No passado, Guerra Fria. Na atualidade, Guerra Santa.
Ontem, Sadam Hussein contra George Bush pai. Hoje, Bin Laden contra George W. Bush filho. No passado não muito distante, bomba atômica. Nos dias mais do que atuais, bombas biológica e química. Ontem, o inimigo era conhecido e fixo. Hoje, o inimigo é desconhecido e móvel. Será isso tudo é uma nova desordem mundial?
Com o fim da Guerra Fria, a derrocada do bloco socialista, a derrubada do muro de Berlim e o desfalecimento do Império Soviético, o mundo presenciou, pouco mais de uma década atrás, o fim da bipolaridade mundial (EUA x URSS). Parecia, então, haver iniciado, à época, uma nova ordem econômica, política, militar e, também, social. Certo? Não. O que se seguiu, a partir de então, foi uma verdadeira desordem mundial.
Ao longo desses dez anos que se seguiram aos acontecimentos acima citados, importantes fatos marcaram e imprimiram ao novo mundo uma série de transformações que hoje “sacodem” a paz mundial. Se o fim da Guerra Fria afastou o risco de eclodir uma Terceira Guerra Mundial; predominando, a partir desse fim, uma só força (econômica, política, militar) hegemônica – EUA -, essa mesma força, usando de sua supremacia, prepotência e poderio diversos, preocupada tão somente com a manutenção dessa supremacia, chegando a exercer o papel de “policiais do mundo”, descuidou de verificar o surgimento de novos e temíveis adversários. Um deles, o crescimento do fundamentalismo islâmico que, deturpado por pseudolíderes, fez surgir milícias formadas por extremistas dispostos a tudo, inclusive a matar e a morrer em nome de Alhá. Faço menção aqui, exclusivamente, ao Talibã.
Formada a partir dos anos 90, essa milícia agrega hoje - por ironia do destino -, alguém que aprendeu táticas de guerrilha, obteve treinamento e que conheceu mecanismos de defesa com a CIA (Agência de Inteligência Americana). Esse líder, Osama Bin Laden, trata-se, pois, de um “produto” dos Estados Unidos que, ao desenrolar da guerra do Afeganistão, por conta da invasão soviética, nos anos 80, foi instruído pelos norte-americanos, com o intuito de combater os soviéticos, então inimigo dos americanos à época. Resultado disso: hoje, o feitiço virou contra o feiticeiro.