Respostas
Quatro em cada dez funcionários brasileiros já vivem essa realidade. Segundo o IBGE, o número de empregos sem carteira assinada ou por conta própria superou o total de vagas formais em 2017. Hoje, são 37 milhões de pessoas para quem “CLT”, na prática, é nada além de uma combinação aleatória de letras do alfabeto.
A Consolidação das Leis do Trabalho diz quantas horas alguém deve trabalhar, indica o mínimo que precisa receber, estabelece benefícios básicos (como FGTS ou vale-transporte) e determina os impostos que patrão e funcionário têm que pagar.
Pensar em um cenário em que nada disso existisse, no entanto, não significa necessariamente extinguir por completo qualquer direito. Bom, pelo menos, para a mão de obra mais qualificada.
“O mercado de trabalho funcionaria como um mercado de tomates: tenho um produto, que é minha força de trabalho, e troco com alguém por dinheiro”, explica Carlos Alberto Ramos, professor de economia da UnB (Universidade Federal de Brasília).
Bons engenheiros, economistas, gestores e especialistas em geral seriam os tomates exóticos, como aqueles que nascem nos pés do Vesúvio, em Nápoles, e que as pizzarias caras disputam a tapa. Esses seguiriam tão disputados quanto hoje – e provavelmente ganhariam mais.
Dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) mostram que salários correspondem a míseros 43% das despesas que um funcionário gera para a empresa. Ou seja, somando todos os impostos e encargos, um trabalhador custa duas vezes o dinheiro que ganha. É natural que, para os tomates que vão a leilão no mercado, uma parte considerável desse extra termine nos bolsos deles. Empresas nas quais o capital intelectual é importante tenderiam a aplicar a diferença para investir em funcionários mais qualificados.
{✓}