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A filosofia de Sócrates, responsável por dar origem ao método socrático, tinha como princípio a construção do conhecimento ao invés da mera transmissão de ideias. Na sua época o conhecimento se caracterizava como um tipo de comércio, onde os professores (conhecidos como sofistas) cobravam por conteúdos e discursos prontos aos quais os alunos eram obrigados a decorar.
Contrário a essa prática Sócrates tinha convicção de que eram os diálogos que favoreciam uma verdadeira troca de conhecimento, pois através deles os discípulos conseguiriam refletir sobre suas próprias afirmações e conclusões. Valendo-se da Ironia e da Maiêutica – princípios fundamentais em todo o pensamento socrático – estimulava seus interlocutores a exporem e defenderem suas opiniões para então despojá-los de toda ilusão de saber e extrair o conhecimento verdadeiro.
Ao contrário do sentido atual do termo, no sentido original da palavra grega a Ironia representa um questionamento em forma de refutação; por outro lado, a Maiêutica consiste em análise de sucessivas respostas para busca da verdade, estimulando o pensamento a partir daquilo que não se conhece. Assim, o diálogo inicia-se pela definição de um objetivo e a solicitação de empenho na definição do objeto da discussão. Sobre a definição apresentada é feita uma objeção apoiada em exemplos e solicitada uma nova definição que será novamente refutada através de outro exemplo e assim sucessivamente, em uma sequência aonde serão apresentadas definições, objeções, refutação e conclusão, levando o interlocutor a extrair de si mesmo a melhor resposta.
Através da elaboração de seu método, Sócrates deixou como legado para a humanidade sua preocupação em tornar as pessoas mais críticas e responsáveis pelo seu próprio conhecimento. Desta maneira a autonomia, construída a partir da auto-reflexão, também é um assunto presente em suas obras.
A importância da utilização da dialética socrática especialmente no ensino e na ciência de uma maneira geral deve-se ao fato de que não se deve preocupar apenas com a reprodução e transmissão de seus resultados e conceitos mais proeminentes; uma vez que a própria natureza da ciência requer a convicção de que discutir sua história e sua natureza é tão importante quanto expor seus princípios e equações