• Matéria: Português
  • Autor: Anônimo
  • Perguntado 7 anos atrás

Não há vagas
Ferreira Gullar

O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

- porque o poema, senhores,
está fechado:
"não há vagas"


Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede
nem cheira
Gullar, Ferreira in 'Antologia Poética'. Disponível em nao-ha-vagas-ferreira-gullar> Acesso em 08 de ago. 2018.

QUESTÃO 12
(UNICENTRO 2019) Valendo-se de um tom de contestação, o poema “Não há Vagas” critica, fundamentalmente,

a) a escassez de emprego e a carência com relação aos gêneros alimentícios de primeira necessidade, como “arroz” e “feijão”.

b) a alienação de determinado tipo de poeta, para quem os problemas sociais e os dramas diários não devem afetar a poesia.

c) o marasmo do funcionário público “fechado em arquivos” e do operário “nas oficinas escuras” diante de suas próprias mazelas sociais.

d) a desigualdade social e a injustiça face àqueles que passam fome, não encontram emprego, pois nunca “há vagas”.

e) as relações perversas entre patrão e empregado, denunciando a falta de sensibilidade e de justiça social.

A resposta é a letra "B". Alguém poderia explicar o porquê?

Respostas

respondido por: Anônimo
5

Resposta:

B

Explicação:

Observe que o poeta exprime seu ponto de vista no poema.

Não há espaço para os problemas sociais de fome, baixo salário, trabalho pesado, árduo e sem condições mínimas. Tem vaga para a beleza, a ausência de problemas, de um mundo irreal, ou seja, fora da realidade. Isto é, sem fome, no mundo das nuvens, fantasioso, que não fede nem cheira, longe, distante e fora da realidade.

Resp.: b

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