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O ano de 1894, quando foi realizada a primeira eleição presidencial direta no Brasil, pode também ser lembrado como o marco inicial da produção brasileira de livros para crianças. Naquele ano, Figueiredo Pimentel lança, pela Livraria Quaresma, os Contos da Carochinha, obra que divulga histórias de Charles Perrault, irmãos Grimm e Hans C. Andersen. A publicação de Pimentel é considerada por muitos o primeiro projeto voltado para o segmento desenvolvido no país com uma prática editorial moderna. Segundo Regina Zilberman, professora de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), trata-se de uma obra dirigida para o público infantil que traz a novidade de não ser necessariamente vinculada ao contexto escolar.
Em toda reconstituição de uma história, no entanto, o início pode ser outro. É o que pondera Marisa Lajolo, professora das universidades Mackenzie e Unicamp. Segundo ela, é sabido que, um pouco antes da publicação dos Contos da Carochinha, o educador Carlos Jansen se dedicou a traduzir e adaptar clássicos europeus para o público brasileiro. Na virada do século, a produção no Brasil continuou sendo, em sua maioria, de traduções e adaptações, mas já havia uma preocupação em promover uma literatura voltada para questões nacionais e com finalidade educativa. Um dos grandes difusores dessa tendência foi Olavo Bilac, que, entre as obras voltadas para crianças, publicou Poesias Infantis, em 1904.
“Essa literatura era eminentemente didática, e veiculava, na verdade, o sentimento que a sociedade e a família tinham em relação à função da literatura infantil”, aponta a professora de Letras da Universidade Estadual de Maringá (UEM) Alice Áurea Martha Penteado. A literatura infantil começa a ser produzida na Europa no século 17, período em que a classe burguesa ascendia, e em muito serviu, explica Alice Áurea, “como veículo para as ideias burguesas e para o ensino das crianças” – algo que, séculos depois, também ocorreu no Brasil.