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A medicina científica ocidental sofreu um processo de expansão extraordinária a partir da segunda guerra mundial, consolidando um modelo baseado numa sofisticação tecnológica sem precedentes. Esta sofisticação lhe permitiu uma sintonia ainda maior com o sistema produtivo na medida em que aumentou significativamente o seu poder de intervenção no corpo humano a fim de moldá-lo às necessidades da produção (Possas26, 1981). Além disso, esta sofisticação tecnológica não se fez sem um investimento maciço de capital, o que colocou o campo médico como uma área onde se processa uma acumulação de capital das mais intensas (Donnangelo6, 1975).
No campo ideológico, esse período caracterizou-se por um grande otimismo no poder da ciência e da tecnologia na resolução dos problemas sociais e humanos. Acreditava-se, por exemplo, que a erradicação e o controle da grande maioria das doenças dependia somente do fator tempo. Uma a uma elas seriam subjugadas ao poder da inteligência humana treinada pelo método científico. Mais recentemente, no entanto, esse otimismo começou a ceder lugar a uma percepção onde se configuram os limites da expansão e das possibilidades da ciência e da tecnologia na resolução de alguns dos mais importantes problemas humanos. Isso é particularmente verdadeiro no caso da medicina, onde se verifica uma crise profunda não só da sua prática como do seu saber.