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Parece meio bobo questionar quanto tempo durou a Guerra dos 100 Anos, já que o nome do conflito sugere a resposta logo de cara. Mas a verdade é que, de acordo com as definições dos historiadores, a série de batalhas sangrentas entre França e Inglaterra começou em 1337 e só foi terminar em 1453 – 116 anos depois. ⚔
Sem dúvidas, a Guerra dos 100 Anos foi uma das mais sangrentas da Idade Média – e fundamental na consolidação da Inglaterra e da França como duas monarquias nacionais distintas. Mas quais foram as causas por trás da Guerra dos 100 Anos? Quem são os principais personagens desses combates?
Battle of Crecy
Ilustração da Batalha de Crécy, em 1346. Foto: Domínio Público
Quanto tempo durou a Guerra dos 100 Anos e seus principais conflitos
Por quanto tempo é possível travar um embate dessa magnitude? Apesar de intensa, a Guerra dos 100 Anos não foi constante: houve diversos hiatos entre um conflito e outro, devido a acontecimentos como a própria Peste Negra, que chegou à Europa em 1346. Talvez a isso se deva a nomenclatura equivocada – já que as batalhas perduraram por mais de um século.
Inglaterra x França
Bem, as bases que estabeleceram a Guerra são fáceis de compreender: a principal foi uma disputa de poder entre Inglaterra e França pelo trono francês. Você lembra que, quando Guilherme, o Conquistador, tomou para si a Coroa Inglesa houve uma mudança radical na Inglaterra? Isso porque ele e seus sucessores, além de donos do trono inglês, eram também súditos do rei da França (já que tinham terras no país).
Alguns séculos depois, essa confusão de poder e territórios provocou mais encrenca. Tudo começou em 1328, quando o então rei francês, Carlos IV, morreu sem deixar um novo herdeiro. O rei da Inglaterra na época, Eduardo III, se considerava um pretende legítimo ao trono francês, já que era sobrinho do rei morto.
Na França, porém, diversos outros nobres também desejavam reivindicar o trono. Por fim, uma assembléia estipulou que um conde francês, chamado Felipe, seria o novo rei da França – coroado como Felipe VI. Foi a relação de desconfiança e briga por terras entre os monarcas das duas nações que fez eclodir a Guerra dos 100 Anos.
Conflitos da Guerra dos 100 Anos
No início da guerra, a França ainda tinha uma população cerca de quatro vezes maior que a da Inglaterra, além de ter mais riqueza – o que poderia lhe assegurar certa vantagem. No entanto, a Inglaterra contava com uma monarquia mais forte e um exército bem organizado. Por isso, acabou levando vantagem nos primeiros conflitos.
Os ingleses saíram vitoriosos das principais disputas da primeira fase da guerra, como a Batalha de Crécy (1346) e a Batalha de Calais (1347). Se o conflito estivesse prestes a acabar, certamente seria o fim da monarquia francesa e os ingleses ocupariam o trono. Mas aí veio a Peste Negra.
Com a invasão da devastadora doença, os conflitos só foram retomados em 1356, quando a Inglaterra reivindicou novas regiões – inclusive com apoio de alguns nobres franceses. Em 1360, a França se viu obrigada a assinar o chamado “Tratado de Brétigny”, que reconhecia o domínio inglês de determinadas terras na França.
As décadas seguintes foram marcadas por uma pausa, já que conflitos internos levaram os países a se concentrarem mais em seus problemas domésticos. Foi em 1420 que o novo rei inglês, Henrique V, decidiu lutar novamente para conquistar o trono da França. Naquele período, porém, os franceses eram liderados pelo rei Carlos VII e contavam com um exército bem organizado.
A situação estava mais favorável aos franceses, que conseguiram expulsar os ingleses da Normandia, da Guiana e da Gasconha. Mas nem tudo eram flores.
O papel de Joana d’Arc na guerra
Statue of Jeanne d'Arc
Estátua de Joana d’Arc, em Orleans, na França. Foto: iStock, Getty Images
Durante os conflitos entre França e Inglaterra, você já pode imaginar quem sofreu mais: sim, os camponeses. A alta tributação, a falta de recursos e as colheitas ruins por conta da Guerra começavam a despertar um espírito de revolução. Foi nesse contexto de mobilização popular que surgiu a lendária Joana d’Arc.
Camponesa, ela jurava ter sido enviada por Deus para ajudar a colocar um fim – de uma vez por todas – no domínio inglês. Assim, passou a mobilizar tropas e a população local a se juntarem à luta. O Rei Carlos VII aproveitou o momento para unificar seus súditos e fortalecer seu exército.
O episódio mais famoso da guerra que remete à Joana foi o cerco a Orleans, que durou sete meses. Os franceses, encurralados, já estavam preparados para se render, quando ela convenceu o rei francês a mandar novas tropas para a região. Os ingleses não resistiram e a França saiu vitoriosa.