Respostas
Como reconhecer oportunidades de valorização de bens naturais atribuindo a estes elementos uma riqueza econômica e social? É possível quantificar em cifras adequadas a ordem de grandeza da água potável, da manutenção de muitas espécies e de outros recursos naturais?
Para esclarecer estas e outras perguntas relacionadas à valoração da diversidade biológica das nações, foi promovida nesta quarta-feira (23/03), no auditório do Ipea, em Brasília, a palestra sobre "A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade" (TEEB, sigla em inglês), com o economista do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Pavan Sukdhev.
O estudo TEEB é uma iniciativa internacional que visa atrair a atenção dos governos, sociedade e setores produtivos para os diferentes benefícios da biodiversidade, bem como destacar o custo crescente da perda da diversidade biológica e da degradação de ecossistemas.
De acordo com Sukdhev, que é coordenador do estudo e responsável pelas iniciativas relacionadas à economia verde do Pnuma, mais de 500 pessoas contribuíram para a redação do relatório TEEB, entre economistas, ecólogos, biólogos, empresários, políticos, antropólogos, membros de universidades e outros setores da sociedade.
"Trata-se de um estudo com uma visão consensual, que apresenta uma observação econômica dos diferentes componentes da natureza", esclarece o economista. Ele explica ainda que os dados do relatório permitem a elaboração de planos nacionais, regionais e setoriais, de legislações mais eficazes e o desenvolvimento de mecanismos econômicos que sejam sustentáveis.
Sukdhev ressalta ainda que a "invisibilidade econômica" da natureza traz muitos problemas, pois muitos ecossistemas são degradados quando não existe uma verdadeira noção da importância e do valor dos bens naturais.
Uma das novidades do relatório é o apontamento de números expressivos. O TEEB conseguiu demonstrar que a polinização de abelhas, para se ter uma ideia, representa o total de U$190 bilhões de dólares por ano em todo mundo, o que equivale a 1/10 da atividade agrícola no planeta.
O estudo não reduz a questão apenas a uma valoração numérica, mas busca reconhecer, observar e capturar a importância da manutenção da biodiversidade e dos ecossistemas para o bem-estar da vida humana no planeta, além da oportunidade de novos negócios na chamada economia verde.
O economista adverte que certos elementos, com ar puro e água potável, por exemplo, não são traduzíveis em cifras, mas que a manutenção de fatores como estes devem ser valorizados nos planos de desenvolvimento de cada país.
Presente ao evento, o secretário-executivo do MMA, Francisco Gaetani, lembrou que já existe uma proposta brasileira para a realização de um estudo TEEB no Brasil, com o objetivo de demonstrar as perdas econômicas do capital natural nos biomas brasileiros, bem como os benefícios resultantes da prestação de seus serviços ecossistêmicos.
"Temos mais de cem histórias de sucesso em lugares onde havia perdas e prejuízos ambientais com consequências sociais. Os governos da China, Filipinas e Uganda, por exemplo, mudaram o planejamento do uso da terra, de áreas marítimas e de pântanos em algumas regiões, respectivamente. O resultado foi uma multiplicação dos recursos naturais que gerou um forte impacto positivo na economia e para as populações locais", afirma o economista.