• Matéria: História
  • Autor: davi3598
  • Perguntado 7 anos atrás

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Respostas

respondido por: lenefran31
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Resposta:

Os Xavante, na década de 80, a realidade era muito diferente: dificuldade de acesso à aldeia por estradas de terra intransitáveis, falta de energia elétrica e atendimento básico de saúde, discriminação declarada no entorno do território até com placas improvisadas à porta de hotéis e restaurantes com a frase ”proibido a entrada de índios”.

As pessoas permaneciam mais na aldeia, poucos falavam o português, a resistência à escola, que começava, era muito grande. As transformações chegaram muito rápido e ainda são motivo de preocupação para os mais velhos que temem a perda da cultura e ainda buscam novos caminhos de convivência com os warazu.

Hoje, com a luz elétrica levando as novelas e filmes para dentro das casas de madeira e palha de babaçu, as famílias seguem também admirando sua cultura, em horas e horas de gravação de vídeo de suas próprias cerimônias. A geladeira mantém a água gelada para enfrentar o calor do cerradão e até o refrigerante e a cerveja, mas conserva também a carne do porco do mato, do veado, do tamanduá caçados na mata, com toda habilidade e estratégia dos grandes caçadores que ainda são formados no Hö (a Casa dos Adolescentes onde os meninos ficam reclusos por cinco anos).

Os celulares não funcionam dentro da aldeia, mas são instrumento de documentação das tradições. Nas cidades, conectam os jovens pelas redes sociais e permitem a comunicação com parceiros dos novos projetos.

Os meninos que estão no Hö daqui a pouco terão suas orelhas furadas com o osso da canela de onça. Antes disso, passarão muitos dias com o corpo mergulhado no rio, batendo com as mãos num movimento ritmado, jogando a água para cima, para amolecer os lóbulos das orelhas. Depois participarão de danças, corridas, rituais que foram transmitidos pelos ancestrais. Terão o cabelo cortado, o corpo pintado de urucum e carvão. Os corpos de menino começam a ganhar músculos e em breve os jovens estarão correndo por quilômetros, com os pés descalços, carregando toras de buriti de 80 quilos. A formação do guerreiro ainda vai se completar em outras cerimônias onde o canto coletivo, o som dos maracás e da batida dos pés no chão estabelecerão o contato com o mundo espiritual, trazendo o poder da cura. Os sonhos, sempre, vão esclarecer as dúvidas, dar o caminho a seguir, revelar os cantos. E para sonhar é preciso comer a carne da caça ,que diz que a carne da caça mantém as pessoas saudáveis e conectadas com o Espírito da Criação. Então o território tem que estar protegido, o cerrado florescer e dar frutos, a água limpa e fresca. Esse é o ciclo da vida.

As estações da chuva e da seca se sucedendo, o tempo do casamento, da confecção dos cestos e esteiras, das mulheres gerarem as novas gerações e transmitirem a beleza da cultura, participando de um jeito delicado mas firme de todas as decisões.

Na aldeia Etenhiritipá os professores Xavante tentam conciliar o ensinamento das disciplinas obrigatórias com o modo de vida tradicional, incorporam o livro que ajudaram a criar (Aihö Ubuni Wasu’u – o Lobo Guará e outras histórias do povo Xavante. Trazendo as histórias e mitos para o cotidiano da escola. E é nesse espaço da escola, aberto e arejado, que recebem os visitantes que vêm compartilhar a vida e os conhecimentos com o Povo Verdadeiro. Jovens e adultos warazu agora podem passar alguns dias na aldeia, aprendendo sobre a vida de um povo indígena. Mais uma estratégia de aproximação, mais uma iniciativa pensada para conquistar aliados e melhorar a qualidade de vida da aldeia.

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