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Val, de Pernambuco, é empregada doméstica em uma família de classe alta em São Paulo. Ela migrou de cidade a fim de poder trabalhar e ganhar algum dinheiro. Mas deixou sua filha em Pernambuco. Porém, treze anos depois, a filha chamou-lhe para falar que iria para São Paulo a fim de tentar a sorte no vestibular e acaba por adentrar a esta casa onde a mãe trabalha como empregada doméstica. Assim, dessa maneira, a menina passa a descobrir o trabalho de sua mãe.
Primeiro, porque trata de uma realidade social ainda presente na sociedade brasileira. É importante precisar que, hoje em dia, grande parte dos indivíduos de menor renda em São Paulo são nordestinos, ou de origem afrodescentente. Por exemplo, no meu país, a França, nunca tinha visto este tipo de trabalho. Na França, existem indivíduos que são contratados para fazer a limpeza. Este serviço é bem mais caro do que aqui. Nunca vi pessoas lá para servir o café da manhã, para fazer o serviço durante o almoço, alguém que está sempre disposto a servir a ponto de dormir na casa da empregadora!
No último artigo, eu falei de dois mundos, o mundo da favela e o mundo fora dela. Aqui, podemos fazer uma comparação. Geralmente, a maioria das empregadas domésticas são mulheres, pretas ou morenas, com salário baixo e morando numa favela. Do outro lado, existem os indivíduos que têm dinheiro para poder oferecer este serviço. Geralmente, este lado, corresponde aos indivíduos com mais dinheiro, brancos e morando fora da favela.
Também, este filme é interessante sociologicamente porque podemos ver que a filha não conhece as normas sociais próprias a estes dois grupos sociais. Ela não conhece os limites e as fronteiras visíveis e invisíveis entre estes dois grupos. A menina rompe a fronteira invisível que existe entre estes dois mundos porque ela não integrou estas normas sociais. Ela leva a questão: esta fronteira é realmente necessária?
Quando a menina não respeita as normas sociais próprias ao grupo de sua mãe, recebe sanções de graus diferentes. Por exemplo, quando a filha brinca na piscina, recebe várias sanções. Primeiro, sua mãe briga afirmando que ela não pode fazer isso. A mãe da família fica brava. Porém, o filho da família gosta de poder brincar com a menina. Então, várias relações de poder entram em jogo e isso acaba gerando inúmeras consequências. Cada um atua de maneira diferente.
Outro elemento sociológico. A família demontra preconceitos relativos à filha da empregada. Eles pensaam que esta menina, com uma mãe empregada, preta e não rica, não seria capaz de conseguir aprovação em uma grande universidade. Porém, falando com ela, a família entende que uma filha de empregada pode ser, sim, inteligente e culta. A mãe dela fala: o mundo está mudando.