• Matéria: História
  • Autor: larissamaciel33
  • Perguntado 7 anos atrás

Explique a religião no império bizantino

Respostas

respondido por: angelaluizaa
4

Resposta:

yay

Explicação:

A sobrevivência do Império Romano do Oriente assegurou um papel ativo do imperador em assuntos da Igreja. O Estado herdou dos tempos pagãos os procedimentos administrativos e financeiros dos assuntos religiosos — o imperador era o pontífice máximo — e esses procedimentos foram aplicados à Igreja Cristã. Seguindo o padrão estabelecido por Eusébio de Cesareia, os bizantinos viam o imperador como representante ou mensageiro de Jesus Cristo, responsável, em particular, pela propagação do cristianismo entre pagãos e pelos temas que não se relacionavam diretamente à doutrina, como administração e finanças. A busca pela unificação das crenças, costumes e ritos em todo império e hierarquia eclesiástica foram dois fatores essenciais que legitimaram o poder imperial assim como a centralização do Estado: como Cyril Mango aponta, o pensamento político bizantino pode ser resumido no lema "Um Deus, um império, uma religião".[355] No entanto, o papel imperial nos assuntos da Igreja nunca se desenvolveu num sistema fixo legalmente definido.[356] Com o declínio de Roma e a dissensão externa nos outros Patriarcados do Oriente (Antioquia, Alexandria e Jerusalém), a Igreja de Constantinopla tornou-se, entre os séculos VI e XI, o mais influente e rico centro da cristandade.[357] Mesmo quando o império foi reduzido a apenas uma sombra de seu esplendor, a Igreja continuou a exercer influência significativa tanto dentro como fora das fronteiras imperiais. Como George Ostrogorsky aponta:

“ O Patriarcado de Constantinopla permaneceu o centro do mundo ortodoxo, com sés metropolitanas subordinadas e arcebispados no território da Ásia Menor e Bálcãs, regiões na época perdidas ao Império Bizantino, bem como no Cáucaso, Rússia e Lituânia. A igreja continuou a ser o elemento mais estável do Império Bizantino.'[358] ”

A doutrina cristã oficial do Estado foi determinada pelos primeiros sete concílios ecumênicos e o imperador tinha dever de impô-la aos súditos. Um decreto imperial de 388, depois incorporado no Código de Justiniano, ordenava que a população "assumisse o nome de cristãos católicos" e declarava todos que não cumprissem a lei como "pessoas loucas e tolas", seguidoras de "dogmas heréticos".[355] Apesar dos decretos e postura rigorosa da Igreja do Estado, que passou a chamar-se "Igreja Ortodoxa", ela nunca representou todos os cristãos do império. Mango acredita que, nos estágios iniciais, as "pessoas loucas e tolas", justamente os rotulados como "hereges", constituíam a maioria da população.[359] Além de pagãos, que existiram até o final do século VI, e judeus, havia muitos seguidores — muitas vezes imperadores — de várias doutrinas cristãs, como o nestorianismo, monofisismo, arianismo e paulicianismo, cujos dogmas de algum modo se opunham ao cânone teológico "ortodoxo" estabelecido nos concílios ecumênicos.[360] Outra divisão entre os cristãos ocorreu quando Leão III, o Isauro (r. 717–741) ordenou a destruição dos ícones, o que provocou uma crise religiosa significativa que só terminou em meados do século IX com a restauração dos ícones. Nesse período, nova onda de pagãos emergiu nos Bálcãs, oriundos principalmente dos povos eslavos. Eles foram gradualmente cristianizados e, durante estágios finais do Império Bizantino, a Ortodoxia passou a representar a maioria dos cristãos no que restava do império.[361]

Após a reconquista de Constantinopla em 1261, duas controvérsias religiosas dominaram a agenda política. A hesicasta, que divergia uma abordagem mística da religião, tipicamente defendida por monges e a população, com outra, mais racional e intelectualizada, de influência aristotélica ocidental, defendida pela aristocracia e os que defendiam a união com a sé de Roma.[362][363][364] A vitória dos hesicastas foi a reafirmação do sentimento antilatino entre os ortodoxos.[365] Mais ampla, a controvérsia sobre a reunião das Igrejas, principalmente a "União das Igrejas" durante o Segundo Concílio de Lião (1275) e a "União de Florença" no Concílio de Florença (1437),[366] dominou o debate teológico e foi utilizada pelos imperadores como "moeda de troca" para conseguir a ajuda ocidental contra a ameaça islâmica.[284][nt 12]

Os judeus foram uma minoria significativa no Estado ao longo de sua história e, de acordo com a lei romana, constituíam grupo religioso legalmente reconhecido. No período inicial, foram geralmente tolerados, mas depois ocorreram períodos de tensões e perseguições (como a Revolta judaica contra Heráclio). De qualquer forma, após as conquistas árabes, a maioria dos judeus se viu fora do império; aqueles que ficaram dentro das fronteiras aparentemente viveram em relativa paz a partir do século X.[367]

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