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Bertha Lutz
Bertha Maria Júlia Lutz nasceu em São Paulo, a 2 de agosto de 1894, pouco tempo depois de seus pais terem se instalado naquela cidade. Adolpho Lutz exercia, havia pouco mais de um ano, a função de diretor interino do Instituto Bacteriológico. Em 1908, quando o cientista passou a trabalhar no Instituto Oswaldo Cruz, a família também se transferiu para o Rio de Janeiro.
Bertha fez os estudos superiores em Paris, durante a Primeira Guerra Mundial, quando viveu com a mãe, Amy Fowler Lutz, e o irmão, Gualter Adolpho, num apartamento alugado na capital francesa. Formada em ciências naturais pela Faculdade de Ciências da Universidade de Paris (Sorbonne), em 1918, ingressou, no mesmo ano, na Seção de Zoologia do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), mas como tradutora, e de forma apenas oficiosa, a única que encontrou para se colocar ao lado do pai como sua auxiliar de pesquisa. Participou, em seguida, de um polêmico concurso para o cargo de secretária do Museu Nacional, em que foi classificada em primeiro lugar.
Bertha tornou-se conhecida, sobretudo, como pioneira do feminismo. Lutou pelo voto feminino no Brasil, e ajudou a fundar entidades como a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher (1919), a Federação Brasileira para o Progresso Feminino (1922) e a União Universitária Feminina (1929).
Para participar mais eficientemente da vida política e da conquista de direitos para as mulheres, graduou-se como advogada em 1933, na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro. Candidatou-se, então, à Câmara dos Deputados pela legenda do Partido Autonomista do Distrito Federal, representando a Liga Eleitoral Independente. Obteve a primeira suplência e ocupou a vaga do titular, deputado Cândido Pessoa, quando este faleceu, em julho de 1936. No Parlamento, onde permaneceu até a implantação do Estado Novo, em novembro de 1937, Bertha Lutz lutou pela mudança da legislação concernente ao trabalho da mulher e do menor e apresentou, também, projetos relacionados ao combate à lepra e à malária.
Em 1944, representou o Brasil na Conferência Internacional do Trabalho, na Filadélfia, Estados Unidos. Foi premiada com o título de Mulher das Américas em 1951, e, no ano seguinte, representou novamente o país numa Comissão das Nações Unidas criada por sua iniciativa, a de Estatutos da Mulher. Em 1975 – Ano Internacional da Mulher – integrou a delegação brasileira à Conferência Mundial da Mulher, realizada no México. Bertha era, então, delegada brasileira na Comissão Interamericana de Mulheres.
No final da década de 1930, quando Adolpho Lutz já apresentava dificuldades de locomoção e visão, Bertha assumiu a correspondência com seus interlocutores e a condução de algumas de suas pesquisas, e cuidou da publicação de seus derradeiros trabalhos científicos, que versavam sobre a lepra e os anfíbios. Após a morte do pai, foi notável seu esforço para reunir e publicar seus textos (muitos inéditos no Brasil), divulgar seu trabalho, preservar suas coleções biológicas e seu acervo pessoal, que incluía numerosas cartas e documentos.
Bertha Lutz faleceu no Rio de Janeiro, em 16 de setembro de 1976.